M. Night Shyamalan
Rogério Resende/Rio Content Market
O cineasta M. Night Shyamalan durante painel no Rio Content Market, na manhã desta quarta (25)
DANIEL CASTRO, No Rio de Janeiro
Publicado em 25/2/2015 - 11h44
Para trazer o cineasta M. Night Shyamalan ao Brasil, a organização do Rio Content Market e a Fox tiveram que montar uma "operação guerra" que envolveu até o ministro da Cultura, Juca Ferreira. Duas horas antes de embarcar da Filadélfia para o Rio de Janeiro, na última segunda-feira (23), o diretor de O Sexto Sentido (1999) e Sinais (2002) descobriu que havia perdido o passaporte. Em apenas 12 horas, autoridades brasileiras e norte-americanas providenciaram um novo passaporte e visto para o cineasta.
O ministro Ferreira destacou dois auxiliares para tratarem do problema com prioridade. Eles acionaram funcionários do consulado brasileiro na Filadélfia, que foram ao aeroporto entregar o visto no novo passaporte de Shyamalan.
Shyamalan chegou ao Rio somente na manhã desta quarta-feira (25), com um dia de atraso, mas a tempo de dividir com Cary Fukunaga, diretor de True Detective (HBO), a abertura oficial do quinto Rio Content Market, maior evento de audiovisual da América Latina. Teve de viajar de classe econômica e perdeu, na véspera, uma oficina de séries para roteiristas e a primeira exibição mundial do piloto de Wayward Pines.
Primeiro programa de TV de Shyamalan, Wayward Pines é uma série estranha como os filmes do diretor. Em dez episódios, conta a aventura de um agente secreto, muito bem defendido por Matt Dillon, que vai até uma pequena cidade americana investigar o desaparecimento de dois policiais federais. Como em Twin Peaks (1990), de David Lynch, há um mistério a ser resolvido em uma pequena localidade e personagens que não são o que parecem.
As semelhanças, aparentemente, acabam por aí. O agente de Dillon, Ethan Burke, se envolve em uma série de acontecimentos sinistros. Logo ao chegar, ele sofre um acidente de carro. É levado para um hospital e acorda sem celular e documentos, sob os cuidados de uma enfermeira mal intencionada. Todas as suas ligações para a mulher não são completadas. E ele não consegue sair da cidade, que tem uma espécie de cerca elétrica.
Matt Dillon em cena do primeiro episódio de Wayward Pines, que estreia em maio
TV no Brasil
Na manhã desta quarta, Shyamalan contou porque abraçou a minissérie, que a Fox estreia em 127 países, incluindo o Brasil, em 14 de maio. “De início, esse projeto pareceu muito estranho para mim. O piloto era muito misterioso, tinha um tom escuro, mas eu achei sociologicamente tão interessante que aceitei de primeira”, disse.
Shyamalan afirma que resolveu se arriscar na televisão por causa da qualidade do que vem sendo feito para o veículo e porque notou “uma mudança nos valores norteiam os filmes”: ”No cinema, se você conseguir garantir a vendabilidade do filme, você consegue colocar seu tom no filme”.
O cineasta citou True Detective, a minissérie policial sensação de 2014 na HBO, como inspiração. “Ele”, disse se referindo a Cary Fukunaga, a seu lado, “levou as coisas para um patamar que eu nunca vi na TV”. “Ele é o cara. Quando eu vi True Detective, eu comentei: Essa série é incrível”.
Ao público do Rio Content Market, majoritariamente composto por produtores independentes de cinema e televisão, Shyamalan confessou ter estranhado a “velocidade” da TV, muito mais acelerada do que a da produção de filmes.
Shyamalan contou que dirigiu apenas o piloto de Wayward Pines e que enfrentou problemas para concluí-la. “Foi uma prova de fogo pra mim. Escolhi as pessoas erradas, tive que parar tudo, mudar equipe. Foi um processo de aprendizado”.
Uma das coisas que o indiano radicalizado nos Estados Unidos aprendeu foi que a “TV permite fazer uma narrativa específica para um personagem que está chamando a atenção”. “Na TV você escuta", concluiu.
Pouco depois do painel de abertura do Rio Content Market, Shyamalan contou aos jornalistas porque tanto esforço para vir ao Brasil. Foi o interesse em saber “como a TV afeta as pessoas em diferentes partes do mundo, especialmente no Brasil e na América Latina”.
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