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Memória da TV

Antes de Bonner, Carlos Nascimento era o mais cotado para ancorar Jornal Nacional

Divulgação/Globo

Carlos Nascimento na bancada do Jornal Hoje em 2001; ele comandou o telejornal até 2004 - Divulgação/Globo

Carlos Nascimento na bancada do Jornal Hoje em 2001; ele comandou o telejornal até 2004

THELL DE CASTRO

Publicado em 1/4/2018 - 8h18

Na primeira metade dos anos 1990, os telespectadores já sabiam: se havia uma grande cobertura, lá estaria Carlos Nascimento ao vivo no Jornal Nacional. Foi assim no impeachment de Fernando Collor, na morte de Ayrton Senna, na Copa de 1994. Ele era o mais cotado para assumir o cargo de âncora do telejornal, mas perdeu a vez para William Bonner.

Em 1992, a Globo já preparava uma mudança radical no JN. O então diretor de jornalismo da emissora, Alberico Souza Cruz, confirmou a intenção de dar o cargo ao paulista de Dois Córregos em depoimento à Folha de S.Paulo.

"Nascimento é considerado pelo diretor o profissional com o perfil mais adequado ao formato que pretende implantar 'a médio prazo' no Jornal Nacional _e que tem como ponto nevrálgico a substituição dos apresentadores tradicionais por âncoras com disposição para a reportagem de rua", informava Marcelo Migliaccio.

Antes da informalidade, que chegou recentemente ao telejornal, a ideia era levar os âncoras para as ruas sempre que fosse necessário. "O perfil de Carlos Nascimento se encaixa perfeitamente nesse modelo. Seria uma bela solução a médio prazo para implantação do mesmo", exemplificou Souza Cruz.

O diretor ressaltou que Nascimento era considerado um "profissional completo". "Ele tem boa voz, bom ritmo de TV e é bem informado. A tendência do telejornal é tirar o apresentador da caverna do estúdio e levá-lo para a rua", disse.

No mesmo texto, Nascimento negava qualquer acerto com a emissora para deixar o São Paulo Já, que ancorava com sucesso desde 1990, para substituir Cid Moreira ou Sérgio Chapelin. Na época dos rumores, ele cobria as férias do atual apresentador do Globo Repórter, e o fato chamou a atenção por ser a primeira vez que alguém vindo da reportagem assumia a bancada do Jornal Nacional.

"Ainda não houve qualquer conversa comigo nesse sentido, mas pode ser uma estratégia da emissora", afirmou. "Quando renovei meu contrato, o Alberico disse que queria mais coberturas externas e ancoragem na rua. Eu só viria para o Rio se tivesse uma proposta. Por enquanto, estou cobrindo as férias do Sérgio", completou.

Nascimento foi para a Globo em 1977, para atuar no Bom Dia São Paulo. Depois de anos como repórter especial e correspondente, deixou a emissora para ser âncora no Jornal da Cultura e no Jornal da Record, no final dos anos 1990.

"Não quis mais ser repórter, pois durante dez anos sacrifiquei minha família por causa da profissão. Como a Globo não me abriu nenhuma perspectiva interessante, saí. Participei, então, dos projetos dos jornais da Cultura e da Record, duas coisas que gostei muito de fazer", relembrou.

Na mesma reportagem, entretanto, Souza Cruz negou que o formato do Jornal Nacional estivesse desgastado e fez questão de cobrir de elogios os apresentadores da época, que atuaram juntos nos anos 1970 e retomaram a parceria em 1989.

Carlos Nascimento na cobertura da morte de Ayrton Senna, em 1994, para o Jornal Nacional

Mudança de rumo
A tão falada reformulação do Jornal Nacional veio somente em 1996, já com Evandro Carlos de Andrade (1931-2001) no comando da Central Globo de Jornalismo e sem Nascimento como âncora. William Bonner, então no Jornal Hoje, foi o escolhido, ao lado de Lillian Witte Fibe, que vinha do Jornal da Globo.

Em 1998, quando a jornalista deixou o posto, Nascimento foi novamente cogitado, chegando a cobrir o período antes da escolha da nova companhia de Bonner. Mas a Globo queria outra mulher na bancada e escolheu Fátima Bernardes, que ficou no cargo até 2011.

Carlos Nascimento assumiu o Jornal Hoje em 1999 e ficou até 2004, quando aceitou convite para ser o âncora do Jornal da Band.

Dois anos depois, o jornalista aceitou proposta de Silvio Santos e assumiu o Jornal do SBT. Posteriormente, foi para o SBT Brasil, que comanda até hoje, após ficar afastado para tratar um câncer, entre 2013 e 2014.


THELL DE CASTRO é jornalista, editor do site TV História e autor do livro Dicionário da Televisão Brasileira. Siga no Twitter: @thelldecastro

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