Ana Maria Braga faz dia de princesa com mulher trans que sofreu rejeição da família

Em celebração ao Dia do Orgulho LGBTQIA+, Ana Maria Braga fez uma versão do quadro Tapa no Visual do Mais Você com uma mulher trans pela primeira vez. A escolhida foi Thaís, que sofreu rejeição da família, com exceção da mãe, após assumir sua transexualidade.

Em papo com Beto Carramanhos, a jovem abriu seu coração sobre a falta de contato com o pai na infância e como foi rejeitada na primeira e única vez que conversou com ele.

"Fui criada só com a minha mãe. Não tinha contato com o meu pai. Eu não conhecia ele, não fazia ideia de quem era. Com o passar do tempo, eu acabei achando o meu pai, porque eu tinha muita curiosidade", revelou.  

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"Acabou que foi um desgosto, porque acabei sendo rejeitada por ele. Eu tinha muita expectativa de que, quando eu conhecesse ele, seria uma ilusão, um conto de fadas. Porém, cheguei, conheci e não foi nada disso. Eu tentei não me sentir muito abalada para não jogar fora toda a luta da minha mãe", declarou ela.

Thaís afirmou que foi rejeitada pelo pai antes mesmo que ele descobrisse que ela era uma mulher trans. "A gente sente falta, porque na escola tem Dia dos Pais, a gente vê nossos amigos crescendo com pai. Podia ter sido diferente", acrescentou.

No entanto, sua relação com sua mãe foi a base para que ela pudesse acreditar em si mesma, ainda que seu processo de aceitação tenha sido difícil. "Desde quando nós somos criancinhas, eu me encantava pelo mundo feminino. Nunca fui uma pessoa que gostava de futebol. Com 14 anos, eu me assumi gay, eu já tinha me entendido como uma mulher trans, mas eu não sabia como eu ia chegar na minha família e falar tudo de novo", contou. 

"Eu não sabia como falar que vou mudar de nome. Num dia, estávamos jantando e estava passando a novela em que a menina é um homem trans. Prestando atenção na novela, já consegue entender um pouco, se consegue ver na novela e não julgar, vai ver em casa e não julgar também", afirmou, relembrando Ivan (Carol Duarte), de A Força do Querer (2017).

"Eu falei: 'Mãe, tá vendo esse menino na novela? Eu sou igual a ele. Só muda de menino para menina. Sou uma mulher trans, estou me descobrindo há um tempo já. Pretendo mudar de nome'", disse.

Na hora, Thaís havia escolhido o nome Mariana para si, mas foi surpreendida com uma reação inesperada da própria mãe. "Ela disse: 'Você não tem cara de Mariana, melhor chamar Thaís'. Saiu um peso das minhas costas. Minha mãe me batizou de novo", comentou.

Ela ainda celebrou o fato de ter a mãe ao lado durante sua caminhada. "Deixo bem claro para ela sempre que nada foi culpa dela, eu nasci uma mulher. Seu apoio é a melhor coisa que tem", afirmou. 

Agressões e violência

Thaís contou para Carramanhos que passou por situações violentas enquanto mulher trans. "No fundo, as pessoas me veem como uma qualquer. Acham que têm o direito de me maltratar, abusar e xingar", lamentou. "Esse tipo de assunto é delicado, é algo que toca em mim. Eu só queria respeito", acrescentou.

Ela afirmou que luta para ter dignidade. "Eu só queria poder andar tranquila. Sem ninguém me olhando, sem ninguém tirando sarro da minha cara, sem ninguém me zoando. Sem precisar ficar explicando toda hora. Eu só queria ser vista como uma mulher normal, passar e todo mundo me respeitar, e seguir a vida", explicou.

"Já imaginou, Lourinho? Ser agredida por ir ao banheiro? Thaís só quer respeito. E é querer muito, querer respeito?", questionou Ana Maria Braga, indignada com o relato da convidada.

No final, a apresentadora se emocionou com a história da jovem. "Ao trazer essa história para dentro da sua casa, eu espero ter ajudado a mostrar a realidade sobre a vida de pessoas transgênero. Respeite. Por isso, é importante a gente entender o poder que tem o acolhimento na vida de outras pessoas", concluiu.