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BRASÍLIA

Apagão analógico pode deixar 300 mil sem TV e racha Globo e Record

Ana Nascimento/Divulgação/MDS

Beneficiária do Bolsa Família, que distribui conversores digitais, na cidade de Rio Verde (GO) - Ana Nascimento/Divulgação/MDS

Beneficiária do Bolsa Família, que distribui conversores digitais, na cidade de Rio Verde (GO)

DANIEL CASTRO

Publicado em 25/10/2016 - 12h32
Atualizado em 25/10/2016 - 19h07

Pela primeira vez, Globo e Record racharam em uma decisão envolvendo TV digital. Em reunião realizada nesta terça-feira (25) em Brasília, as duas principais redes do país divergiram sobre o apagão analógico que estava previsto para ocorrer nesta quarta (26) no Distrito Federal e em algumas cidades de Goiás, mas que acabou sendo adiado para 17 de novembro. As previsões são que o apagão deixará de 300 mil a 500 mil pessoas sem TV aberta.

A Globo, o SBT e a Abert (Associação Nacional das Emissoras de Rádio e Televisão) defendem o adiamento do desligamento do sinal analógico. Já a Record e Abratel (Associação Brasileira de Rádio e Televisão) mudaram de posicionamento e passaram a defender o apagão analógico já, assim como as companhias telefônicas.

Os dois grupos baseiam seus posicionamentos em uma pesquisa do Ibope realizada entre os dias 10 e 21 de outubro. Pelos critérios do Gired (Grupo de Implantação do Processo de Redistribuição e Digitalização de Canais de TV e RTV), que congrega todas as emissoras, associações, governo e teles, o Distrito Federal e seu entorno já têm 90% dos domicílios aptos a receberem televisão digital.

A normatização da TV digital diz que o apagão analógico (quando os sinais analógicos são desligados) só deve ocorrer quando houver 93% de digitalização. Esse índice de 90% está dentro da margem de erro, portanto, já subsidia uma decisão pelo desligamento. Esses números significam que entre 300 mil e 350 mil pessoas ficarão sem TV.

O Gired considera como digital todo televisor de tela fina. Já os radiodifusores (Globo, SBT e Abert) defendem que nem todo televisor de tela fina é digital, ou seja, não possuem conversor integrado ou acoplado. Por esse critério, a mesma pesquisa do Ibope informa que há 85% de digitalização em Brasília e arredores. Isso quer dizer que 150 mil casas, ou meio milhão de pessoas, ficarão sem TV aberta a partir de amanhã. Além disso, o índice de 85% está longe dos 93% recomendados.

Globo e Abert são contra o desligamento amanhã porque entendem que muita gente ficará sem TV, e pressionam o ministro Gilberto Kassab (Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações) a adiar o desligamento.

Record e telefônicas afirmam que a TV digital não pode mais esperar, e que o adiamento irá comprometer a credibilidade do processo de migração, que no ano que vem deve chegar a São Paulo, o maior mercado do país. A TV digital foi lançada no Brasil em 2007 e já deveria estar quase toda implantada.

No final do dia, Globo, SBT e Abert saíram vencedoras. O Gired decidiu que o apagão analógico será opcional a partir desta quarta e que em 17 de novembro haverá uma nova avaliação. Na prática, nenhuma emissora vai desligar seus transmissores analógicos até lá. 

As companhias telefônicas têm interesse no desligamento analógico porque usarão as frequências a serem desocupadas pelas emissoras de TV para ampliar a rede de banda larga móvel (4G).


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