Televisores deixarão de funcionar em 2015
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35 milhões de televisores existentes no Brasil terão de ser jogados fora se houver apagão analógico em 2015
DANIEL CASTRO
Publicado em 1/9/2013 - 14h03
Atualizado em 2/9/2013 - 12h03
RESUMO: Aparelhos ficarão sem utilidade caso o governo não invista bilhões de reais na distribuição de conversores de sinais digitais para pelo menos 13,8 milhões de famílias. Para viabilizar banda larga de 4G, Dilma quer desligar a TV analógica para 70% da população do país daqui a dois anos: emissoras pedem revisão de meta
O fim da televisão analógica provocará em 2015 a aposentadoria precoce de 35 milhões dos 107 milhões de televisores existentes no Brasil.
"Em apenas um ano, 35 milhões de aparelhos simplesmente deixarão de funcionar", diz Aguinaldo Silva, diretor do centro de pesquisa e desenvolvimento da Envision, empresa que produz em Manaus televisores da Philips e monitores da AOC.
Apesar de terem sido fabricados recentemente, esses televisores estão condenados porque não pegam sinais digitais, somente analógicos.
O Ministério das Comunicações prevê realizar em 2015 o desligamento dos canais de TV analógicos das cidades com mais de 200 mil habitantes, o que atingirá cerca de 70% da população nacional, ou 41,5 milhões dos 60 milhões de domicílios do país.
Desses 41,5 milhões de pessoas que serão afetadas pelo apagão analógico, 13,8 milhões estão cadastrados em programas sociais do governo federal, ou seja, não têm condições de investir em um televisor novo.
A governo tem pressa em promover a migração da TV analógica para a digital porque vai pegar parte das frequências usadas pelas redes de TV (a faixa dos 700 MHz, que vai do canal 51 ao 69) para leiloar para as telefônicas, que as usarão para tecnologia 4G.
O mercado de televisão defende a revisão dessa proposta. E muitos duvidam de que o governo consiga cumprir essa meta.
Mesmo que o governo gastasse alguns bilhões de reais (os Estados Unidos, em 2009, gastaram 3 bilhões de dólares) para distribuir caixas receptoras de TV digital aos mais carentes, a indústria brasileira não conseguiria dar conta da demanda por conversores.
Segundo Aguinaldo Silva, a produção brasileira de caixas conversoras teria de se multiplicar por três, em apenas dois anos, para garantir o apagão analógico sem traumas.
Diretor de Engenharia da TV Globo, Fernando Bittencourt concorda com Silva.
"Está muito claro que essa proposta de desligamento [dos transmissores analógicos] tem de ser revista. É fisicamente inviável. A quantidade de aparelhos de TV e de set-top boxes [conversores] não dá conta da demanda", disse na última edição do congresso da SET (Sociedade de Engenharia de Televisão).
Sucata digital
A conta de Aguinaldo Silva considera um apagão analógico que atinja 70% da população brasileira e a produção anual de 15 milhões de televisores, o que deverá ser atingido pela primeira vez em 2013.
Segundo Silva, em 2009, dois anos após a introdução da TV digital no Brasil, somente 20% dos televisores vendidos era digital. Em 2010, por ordem do governo, as telas superiores a 32 polegadas passaram a ter obrigatoriamente conversor digital embutido.
Ainda hoje, se produz televisores analógicos no país. De janeiro a junho deste ano, 9,5% dos televisores produzidos no Brasil eram de tubo, ou seja, de uma geração tecnológica anterior à das telas de LCD.
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