Melhores da TV - Análise
Divulgação
MIchael Douglas como o pianista Liberace em Behind the Candelabra, vencedor do Emmy
PAULO GUSTAVO PEREIRA
Publicado em 23/9/2013 - 6h18
Atualizado em 23/9/2013 - 9h33
Não foi o quarto prêmio consecutivo que Modern Family levou como melhor comédia em quatro anos que esse divertido programa está no ar. Nem tampouco Breaking Bad conseguir finalmente ganhar um Emmy de melhor drama, no apagar das luzes de sua quinta e ultima temporada. Ou o talento de Julia Louis-Dreyfuss conquistar mais um Emmy como a atrapalhada vice-presidente dos Estados em Veep.
Nada disso causou mais surpresa do que a vitória de Behind the Candelabra como melhor telefilme na noite de domingo (22), quando a Warner transmitiu diretamente de Los Angeles a premiação mais importante da televisão mundial.
Surpresa porque pela primeira vez uma produção desse tipo reuniu dois grandes e talentosos atores, como Michael Douglas e Matt Dammon, para contar um pouco da vida de um dos one-man show da TV americana, Liberace.
Ele usou o piano para fazer carreira nos Estados Unidos, criando seu próprio programa de TV, fazendo papeis românticos em dramas dos anos 1950, até descobrir o brilho das luzes nas performáticas roupas que usava em suas apresentações em Las Vegas. Gay não assumido pelos preconceitos de uma época, Liberace escondeu até mesmo que estava com Aids, mesmo após sua morte.
O filme Behind de Candelabra não é uma cinebiografia formal do astro do piano, mas o retrato quase que fiel de sua relação com o jovem Steve Thorson, interpretado por um Matt Dammon contido e exagerado quando o momento permitia.
Do outro lado, Michael Douglas, que ganhou o Emmy de melhor ator de minissérie e telefilme, nos faz lembrar do homem e o mito, misturado e servido com lantejoulas, plumas e paetês. Aliás, em seu discurso de agradecimento, Douglas até brincou com o parceiro Damon, sobre a relação que os dois tiveram intensa nas telas, mas de respeito fora delas. O filme é perfeito e até poderia ser lançado nos cinemas.
Para mim, mais surpresas ficaram com os coadjuvantes, Tony Hale e Merritt Wever. Hale, que faz o assistente da vice-presidente em Veep, não só agradeceu aos produtores e atores do elenco, como também foi “ajudar” Julia quando ela foi recebeu seu segundo Emmy por Veep. É claro que ele fez exatamente o que seu personagem faz na série. Hilário. E por estar nervosa demais, Merritt Wever, que faz a enfermeira dengosa e superatenciosa em Nurse Jackie, disse que não deveria estar lá e foi embora com o Emmy na mão, é claro.
Os números musicais foram bem eficientes, principalmente para anunciar a categoria de melhor coreografia, que volta na lista do Emmy do horário nobre.
Neil Patrick Harris, o apresentador da noite, fez da introdução do Emmy 2013, outro momento divertido, quando foi interrompido pelos apresentadores dos prêmios de anos passados, ficando a melhor tirada com Kevin Spacey, que olha para a câmera e com um sotaque britânico e informa ao publico que a confusão foi tramada por ele.
Foram três horas de show que chegou ao fim rigorosamente como mandava a CBS, que transmitiu o Emmy para os Estados Unidos. Tão rigorosa com horário que não deixou seus repórteres ficarem no tapete vermelho, como acontecia em outros anos. Três horas é três horas, e ponto final. Ainda assim, foi divertido e, independentemente dos erros de tradução ou do comentarista que escreve, foi um Emmy muito divertido.
LEIA AQUI a lista dos vencedores do Emmy
PAULO GUSTAVO PEREIRA é jornalista, apresentador de TV e autor do livro Almanaque dos Seriados (Ediouro). Foi comentarista do Warner Channel na transmissão do Emmy 2013.
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