VIOLÊNCIA EM DEBATE
Divulgação/Netflix
Jon Bernthal, ex-Walking Dead, interpreta o sanguinário Frank Castle na série O Justiceiro
LUCIANO GUARALDO
Publicado em 13/11/2017 - 5h17
Apenas em 2017, os Estados Unidos foram palco para mais de 300 tiroteios em massa. Alguns, como o ocorrido em Las Vegas em outubro, marcaram pelo grande número de vítimas: 58 mortos e 546 feridos. O tema volta à pauta, agora na ficção, com a série O Justiceiro, cuja primeira temporada chega à Netflix na sexta-feira (17).
A produção está no mesmo universo de Demolidor, Jessica Jones, Luke Cage e Punho de Ferro. O personagem, ao contrário dos colegas, não tem superpoderes, apenas treinamento de luta e uma mira exemplar, resquícios da época em que era da elite dos fuzileiros navais.
Íntimo das armas, Frank Castle (Jon Bernthal, ex-Walking Dead) usa seu conhecimento bélico para se vingar das pessoas que destruíram sua vida no passado: sua mulher e seus filhos foram executados na sua frente, e ele não pretende descansar até matar todos os envolvidos no crime.
No caminho de sua vingança, Castle se depara com uma grande conspiração do governo norte-americano sobre a guerra no Afeganistão, em que ninguém é digno de confiança total.
Mas, assim como Jessica Jones debatia o abuso às mulheres e Luke Cage levantava questões sobre o racismo e a segragação, O Justiceiro também vai além da violência (que também está presente, com sangue jorrando para todos os lados): a série promove importantes discussões sobre porte de armas e estresse pós-traumático de soldados.
Veteranos que voltam aos Estados Unidos e tentam se readaptar à vida pós-guerra têm papel fundamental na trama: a começar por Frank Castle, passando por seus melhores amigos, Billy Russo (Ben Barnes, de Westworld) e Curtis Hoyle (Jason R. Moore).
Curtis, que perdeu uma perna na guerra, é mediador de um grupo de apoio a veteranos com dificuldade do qual faz parte Lewis Walcott (Daniel Webber), jovem que defende o porte de armas e acaba encrencado por causa disso.
O conflito do desarmamento também chega a Frank Castle: ao mesmo tempo em que tenta impedir atiradores de fazer muitas vítimas em seus ataques, ele próprio usa armas e atira nos vilões para matá-los sem piedade.
É um dilema interno que o Justiceiro tenta justificar com um "código de ética": ele mata apenas pessoas ruins, merecedoras da morte. Mas, em um mundo onde nem tudo é o que parece ser e a lealdade das pessoas é volúvel, como definir quem merece viver ou morrer?
O timing do debate proporcionado pela série impressiona, principalmente porque as gravações começaram há mais de um ano, muito antes do ataque de Las Vegas ou de o presidente Donald Trump desconversar sobre uma política mais efetiva de controle de armas.
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