Hackers russos viram House of Cards para atacar Hillary Clinton em sites

Hackers russos contratados para atacar Hillary Clinton durante a eleição presidencial norte-americana, realizada no ano passado, foram obrigados a assistir a House of Cards para aprender mais sobre a política norte-americana. A série da Netflix educou esses trolls sobre os principais problemas dos Estados Unidos, como excesso de impostos, problemas com gays, minorias sexuais, armas, entre outros assuntos.

Troll é um termo usado para rotular uma pessoa que usa a internet apenas para ofender e causar discussões. Eles trabalhavam para o presidente da Rússia, Vladimir Putin, na missão de colocar eleitores contra Hillary Clinton, candidata derrotada no pleito vencido por Donald Trump. A notícia foi revelada pela rede russa Rain e pelo experiente jornalista investigativo Michael Isikoff, do portal Yahoo!.

Os hackers entravam na seção de comentários de sites de grandes veículos noticiosos, como Washington Post e New York Times, e atacavam Hillary, relembrando escândalos do seu marido, o ex-presidente Bill Clinton, e reforçando críticas dos próprios leitores contra ela. A série ajudava os hackers a entender melhor a conjuntura política do país e usar uma linguagem mais próxima do cotidiano dos americanos.

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"Cada vírgula dos comentários era revisada para se ter certeza de que aquela postagem fosse fiel, como se um americano nativo tivesse escrito", contou Isikoff ao programa New Day, do canal CNN, na segunda (16). O repórter entrevistou um desses hackers, chamado de Maksim, que revelou cada detalhe da operação.

De acordo com o hacker, a meta era se disfarçar de americano, colocar os eleitores contra o próprio governo e baixar a popularidade de Barack Obama, antecessor de Trump e cabo eleitoral de Hillary. O desempenho dos trolls era medido pelas curtidas de seus comentários. Eles eram cobrados para gerar discussões a partir dos posts.

O tema mais popular entre os hackers era a homossexualidade. "Americanos são muito religiosos, especialmente os que postam em sites noticiosos", disse Maksim para o Yahoo!. "Escrevíamos que sodomia [sexo anal entre homens] é um pecado. Isso gerava cerca de 20 likes, por aí."

Desde 2013, House of Cards conta a história do político Frank Underwood (Kevin Spacey), que passa de deputado federal a presidente dos Estados Unidos, caminho percorrido em meio a crimes, corrupção, assassinatos e dossiês contra seus adversários, tudo com a ajuda da mulher, Claire (Robin Wright).