Ator apaga psicopata de Game of Thrones com ladrão imprevisível: 'É um idiota'

Mais de oito anos depois de "morrer" na Batalha dos Bastardos de Game of Thrones (2011-2019), o ator Iwan Rheon ainda é assombrado pelo fantasma de Ramsay Bolton. Ele agora tenta exorcizar seu passado na série Wolf, em que interpreta Molina, um ladrão imprevisível, com toques cômicos e, ao mesmo tempo, assustadores. "Ele é meio que um idiota", resume o galês.

Baseada nos livros de Jack Caffery, escritos por Mo Hayder (1962-2021), Wolf entrelaça dois casos intensos --e mistura suspense, terror e comédia. Em Londres, o detetive Caffery (Ukweli Roach) fica obcecado em desmascarar o vizinho que ele acredita que matou seu irmão de 10 anos há três décadas. Como o corpo do menino nunca foi encontrado, Jack jamais conseguiu virar a página --e os brinquedos deixados em sua porta não o ajudam em nada.

Enquanto isso, em Monmouthshire, a 260 quilômetros da capital britânica, uma família rica passa a sofrer com a psicopatia de dois bandidos totalmente ensandecidos e capazes de torturas que poderiam ter saído da franquia Jogos Mortais. O líder do duo é Honey (Sacha Dhawan, de Doctor Who), enquanto Molina é o braço direito que precisa sujar as mãos --mesmo que contrariado. Contar mais do que isso seria estragar as reviravoltas de Wolf.

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Em conversa exclusiva com o Notícias da TV, Iwan Rheon admite que nem ele é capaz de passar pano para as atitudes de seu personagem. "Não sei se dá para defendê-lo, de verdade (risos). Acho que Molina é exatamente o que você vê na série. Ele é meio que um idiota, né? E, conforme os episódios avançam, ele não para de surpreender o público", provoca o ator.

Uma das surpresas é que Honey e Molina não são ladrões tradicionais --aliás, no decorrer de Wolf, é até difícil desvendar quais são as suas motivações. Eles parecem mais interessados no durante do que no fim. E, se o durante permitir jogos mentais, melhor ainda. O personagem de Sacha Dhawan chega a cantar ópera e a dançar enquanto se prepara para atacar seus reféns.

Rheon conta que ele e o colega se prepararam muito para fazer essas cenas sem que elas ficassem ridículas nem comprometessem a aura de ameaça que os personagens precisavam ter. "Eu queria que tudo ocorresse da maneira mais verdadeira possível, como faço com todo personagem que interpreto. Você precisa acreditar no roteiro e nas suas ações. Sacha fez um trabalho tão bom com a coreografia e com a música, eu meio que só tive que observá-lo e me juntar a ele naquilo. Foi divertido, na verdade", aponta.

"Os dois são engraçados e, conforme o público vai descobrindo mais sobre eles, dá para perceber que não são essas grandes mentes criminosas que pareciam ser no início. Acho que os espectadores vão se surpreender muito a cada episódio. O que, para mim, é um indicativo de ótimos roteiros."

Apesar de Wolf ter cenas bastante pesadas de tortura e violência, Rheon confessa que não foi muito difícil para ele desligar a maldade de Molina. "Entre uma tomada e outra, eu já estava totalmente fora do personagem (risos). Veja bem, eu levo meu trabalho muito a sério, me esforço, decoro minhas falas, mantenho o foco para as cenas dramáticas. Mas, quando se faz algo assim, não dá para mergulhar fundo demais ou você fica louco", justifica.

"Para mim, interpretar alguém é como brincar [em inglês, os dois verbos são o mesmo, to play]. E, se você vê uma criança brincando, ela está totalmente imersa naquela diversão até que a janta fica pronta ou algo do tipo, e aí ela instantaneamente sai daquilo e volta à realidade. É esse o equilíbrio que eu tento levar para a minha vida para não enlouquecer. Quando saio do set e entro no meu carro, já sou 100% eu novamente (risos)".

Em busca de personagens ruins?

Iwan Rheon jura à reportagem que não procura apenas personagens desprezíveis para a sua carreira, mas reconhece que a repercussão de Ramsay Bolton acaba rendendo mais convites para que ele interprete tipos do mal.

"Acho que há uma tendência na indústria de querer repetir aquilo que já deu certo, que as pessoas gostaram de ver. Mas eu acho que Molina é bem diferente de Ramsay, por exemplo. Talvez você veja algumas semelhanças, mas não acho que eles sejam pessoas parecidas", entrega.

"Quando comecei os roteiros de Wolf, eu até fiquei um pouco preocupado com isso. Mas, depois de ler o último episódio, já estava completamente apaixonado por aquele texto e precisava atuar na série. Eu só quero interpretar personagens interessantes e variados. Infelizmente, um dos meus papéis mais proeminentes foi o de um psicopata completo", finaliza.

A primeira temporada de Wolf conta com seis episódios e estreia na plataforma Universal+ nesta sexta-feira (16). Confira o trailer da série: