RIXA
REPRODUÇÃO/TV GLOBO e YOUTUBE
Betty Faria em Tieta (1989) e Sonia Braga em Tieta do Agreste (1996): papel gerou discórdia
A novela Tieta (1989) e o filme Tieta do Agreste (1996) destacaram a força da obra homônima de Jorge Amado (1912-2001) no audiovisual brasileiro, mas também geraram desentendimentos nos bastidores. A principal controvérsia envolveu a insatisfação de Betty Faria com a escolha de Sonia Braga para interpretar a personagem na adaptação cinematográfica. "Não somos amigas", se queixou.
Na televisão, Tieta foi adaptada por Aguinaldo Silva, Ana Maria Moretzsohn e Ricardo Linhares para a Globo em 1989. Betty ficou marcada na teledramaturgia brasileira como a "eterna Tieta". O sucesso da novela transformou a personagem em um ícone cultural e fortaleceu a carreira da atriz, já consagrada na televisão.
Em 1996, Tieta do Agreste foi lançado como um filme, desta vez dirigido por Cacá Diegues. Enquanto na TV o público teve Betty Faria, Sonia Braga foi escolhida para o papel principal no cinema. Sonia já era conhecida no mundo todo por sua atuação em outras adaptações de obras de Jorge Amado, como Dona Flor e Seus Dois Maridos (1976) e Gabriela, Cravo e Canela (1983).
A decisão de escalá-la como Tieta gerou a rixa com Betty, que publicamente expressou sua insatisfação. Dada a sua associação com a novela da Globo, a artista apontou que deveria ter revivido a personagem no filme ou, no mínimo, ter sido comunicada com antecedência sobre a participação de Sonia.
Em entrevista à revista Época em 2016, a atriz não escondeu sua mágoa. "Não somos amigas. Pelo contrário: ela não pediu licença para ser Tieta no cinema, e isso foi péssimo. Eu fazia turnê na época e, a cada cidade que chegava, as pessoas comentavam que odiavam, ficaram indignadas", disparou.
Diegues explicou que a escolha de Sonia visava atender às necessidades do mercado internacional, já que ela era uma figura de maior alcance fora do Brasil. Além disso, a atriz havia adquirido os direitos cinematográficos da obra antes mesmo de a novela ter sido produzida.
Apesar da briga, Tieta do Agreste teve boa recepção da crítica e foi elogiada pelo roteiro e pela abordagem mais fiel ao tom político e social da obra literária. No entanto, a comparação com a novela permaneceu constante, especialmente devido à forte lembrança deixada pela interpretação de Betty Faria --que alegou ter recebido queixas pessoais dos telespectadores.
Para Betty, a decisão de não ter sido escalada para o filme foi uma oportunidade perdida de continuar a trajetória da personagem que havia marcado sua carreira. Já para Sonia Braga, o trabalho representou um reencontro com o universo de Jorge Amado e um importante passo na consolidação de sua carreira internacional.
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