Menu
Pesquisar

Buscar

Facebook
X
Threads
BlueSky
Instagram
Youtube
TikTok

CONSERVADORISMO

Betty Faria diz que Brasil atual é pior do que cidade de Tieta: 'Muita hipocrisia'

REPRODUÇÃO/GLOBO

A atriz Betty Faria de blusa vermelha, expressão séria, caracterizada como Tieta na novela Tieta (1989)

Betty Faria como Tieta, personagem principal da novela de 1989; ela fez críticas ao Brasil

REDAÇÃO

redacao@noticiasdatv.com

Publicado em 1/12/2024 - 10h16
Atualizado em 1/12/2024 - 10h35

Trinta e cinco anos se passaram desde a exibição original de Tieta (1989) na Globo e a reprise da novela, que estreará nesta segunda (2) no Vale a Pena Ver de Novo. Betty Faria, que interpretou a protagonista da história, acredita que o Brasil atual é bem pior do que Santana do Agreste, a cidade conservadora e moralista onde sua personagem vivia.

"A gente vive numa fase de muita hipocrisia, censura de pensamento e palavras. Temos que tomar muito cuidado. Nos tempos de Tieta, não tinha internet, fake news... Tenho que medir as palavras para não refletir minha tristeza com o atual momento do Brasil, quero mostrar a Tieta como uma mensageira da luz", declarou a atriz, em entrevista ao jornal Extra.

"Hoje não se pode falar nada. Eu vivi a ditadura e trabalhei em obras censuradas. Agora a censura é em outro nível. Tem criancinha que sai do supermercado e leva um tiro no peito. Dois dias depois, ninguém mais fala disso", lamentou Betty.

Ao ser questionada se o Brasil teria se tornado uma Santana do Agreste, ela deu risada e comentou: "Não... É muito pior. Agora é outra época. Agora tem ameaças de guerras, inclusive internas. A gente vive a banalização do crime. Me preocupo com o Brasil que meus netos vão viver daqui a dez, 15 anos. Para um país dar certo, tem que ter cultura e educação", afirmou ela.

"Quando fui gravar numa favela, as crianças ficavam soltas e iam procurar um traficante porque ele tinha colar de ouro, comia a mulher, usava perfume, dançava funk... O traficante vira referência pra eles. Eles deveriam estar no colégio com alimentação. As pessoas estão muito acomodadas. Acham normal criança morrer com bala na cabeça. Se o Brasil fosse Santana do Agreste, Tieta mandaria fazer uma grande fogueira de armas", opinou.

A atriz acredita que a novela pode conquistar um novo público, que não acompanhou a exibição original da novela, ao mostrar os conflitos morais na trama. Ela pontuou, no entanto, que acredita que os jovens hoje são mais conservadores do que a geração dos anos 1980, inclusive seus próprios netos.

"[Tieta vai fisgar o telespectador por] Valores morais, de amizade e desprezo pelo fingimento. É engraçado pensar nas pessoas mais novas que vão assistir pela primeira vez. Em Portugal, quando passou Tieta pela primeira vez, teve um movimento conservador católico contra a novela por causa da relação dela com o padre [a atria se refere ao envolvimento de sua personagem com Ricardo, um jovem seminarista interpretado por Cássio Gabus Mendes]", explicou.

"O público jovem deve aceitar porque não é careta. Eu lido muito com os jovens porque eu tenho quatro netos recém-saídos da adolescência, de 18 a 22 anos. Eles não são tão liberais como a geração dos anos 80, mas ficam contentes quando assistem às histórias de amizade", comentou Betty.

A atriz ainda esclareceu que não comprou os direitos de Tieta para que a Globo a exibisse, mas que conversou com o autor da história, Jorge Amado (1912-2001). Segundo Betty, o autor disse que ela realmente era perfeita para o papel, e então a Globo negociou os direitos. "Tieta tinha que ser minha. Mas os direitos são da Globo, claro", pontuou a atriz.

Ela também falou sobre os colegas de elenco e disse sentir falta de vários deles. A artista mencionou Lídia Brondi, que se afastou definitivamente da TV em 1991 e se tornou psicóloga, e de José Mayer, dispensado da Globo após assumir ter cometido assédio sexual contra uma figurinista, em 2017.

"Falo muito com Paulo Betti. Gostaria muito de reencontrar a Lidinha [Lídia Brond]. Ela se casou com o Cássio [Gabus Mendes] e fez uma vida em São Paulo. Gosto muito dela. Foi uma companheira muito boa", afirmou Betty.

"Gostava muito do Armando Bógus (1930-1993), que faleceu, e da Yoná Magalhães (1935-2015). Ela foi a melhor colega mulher que tive. Não tinha o ranço de querer te derrubar, de competição, de inveja. Era tão espiritualizada que se foi cedo. Chegava em cena e queria fazer o seu melhor. Com José Mayer, que era a paixão de Tieta, perdi o contato. Ele passou por aquela acusação de assédio sexual e ficou doente. Largou a profissão. Foi um companheiro maravilhoso e um gentleman. Nunca fez gracinha comigo. Depois, fiz outros trabalhos com ele", comentou a atriz.


Resumos Semanais

Resumo de Tieta: Capítulos da novela da Globo - 17 a 24/1

Sexta, 17/1 (Capítulo 34)
Rosalvo e Bebê não contam a Tieta o que pretendem fazer e adiantam que só vão falar sobre o negócio com Ascânio. Eles revelam também que o chefe é Mirko Stefano. Tieta diz a Ricardo e ... Continue lendo

Mais lidas


Comentários

Política de comentários

Este espaço visa ampliar o debate sobre o assunto abordado na notícia, democrática e respeitosamente. Não são aceitos comentários anônimos nem que firam leis e princípios éticos e morais ou que promovam atividades ilícitas ou criminosas. Assim, comentários caluniosos, difamatórios, preconceituosos, ofensivos, agressivos, que usam palavras de baixo calão, incitam a violência, exprimam discurso de ódio ou contenham links são sumariamente deletados.