Humberto Carrão defende Vale Tudo para combater armadilhas em redes sociais

Humberto Carrão está apaixonado pelo texto de Vale Tudo. Segundo o ator, o roteiro não só critica a corrupção, também põe em xeque o que de fato é ser honesto e o que está por trás de quem quer levar vantagem em tudo. Na pele do mocinho Afonso, o galã diz acreditar que o remake terá impacto na sociedade, especialmente no cenário político e social do Brasil atual. 

"Eu acho que a gente tem muitos movimentos de transformação, um caldo com as redes sociais e como elas podem destruir as democracias ou regimes que pareciam consolidados. Vale Tudo é considerada a novela das novelas justamente porque deu conta de transformações sociais, políticas e de costumes do Brasil com muita força, talvez como novela nenhuma tenha feito", explica Humberto Carrão ao Notícias da TV.

Vale Tudo foi exibida pela primeira vez há 37 anos, quando a país ainda encarava o processo de redemocratização, depois do fim da Ditadura Militar, instaurada em 1º de abril de 1964 e que durou até 15 de março de 1985.

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Na opinião do intérprete, a releitura da história, que na versão original de 1988 abordou questões de corrupção, ética e manipulação de poder, segue sendo extremamente pertinente nos dias de hoje, com as redes sociais como novo foco de influência.

Alice Wegmann e Humberto Carrão formam par romântico (Manoella Mello/TV Globo)

Carrão observa que, assim como na versão original, o Brasil continua vivendo grandes transformações sociais e, mais do que nunca, a novela serve como um reflexo dessas mudanças.

"Vivemos sob muitas armadilhas de novo, e acho que o risco constante de figuras como Odete Roitman [Debora Bloch] e Marco Aurélio [Alexandre Nero], que não se importam com a democracia, é algo muito presente na realidade atual. O que não falta é assunto", comenta Carrão.

Na opinião do intérprete do herdeiro dos Roitman, que na nova versão defende a sustentabilidade e a construção de um país igualitário, a diversidade no elenco de Vale Tudo deve ser destacada, para que o racismo seja discutido por todos.

Carrão afirma que o remake não apenas resgata a força de um texto poderoso, mas também traz um olhar sobre os desafios atuais do Brasil, com ênfase em temas como o combate à desinformação e a valorização da representatividade.

Ferramenta para dialogar com o público

No entanto, ele não enxerga a releitura de Vale Tudo como uma simples tentativa de igualar a versão de 1988. Para ele, é uma homenagem a um legado poderoso, mas também uma oportunidade de criar algo novo, que dialogue diretamente com as questões contemporâneas.

Não encaro como uma responsabilidade de chegar ao mesmo lugar, mas sim de fazer a nossa versão, com respeito, mas também com as características de um novo Brasil, com uma nova equipe, novas pessoas e uma nova maneira de abordar os temas.

A forma como Carrão constrói seu Afonso também reflete essa visão. Em sua terceira experiência em remakes, ele conta que, apesar de saber das cenas icônicas do mocinho na interpretação de Cassio Gabus Mendes, não se preocupou em assistir à primeira versão da novela.

"O mais bonito é criar a nossa própria versão de cada personagem, respeitando os que vieram antes, mas sem se prender ao peso de igualar", diz. Com isso, o ator propõe que Vale Tudo continue sendo uma obra relevante, que não apenas resgata o passado, mas também levanta questões urgentes para o presente.

Carrão declara que esta novela, em especial, é mais do que entretenimento: é uma verdadeira ferramenta de reflexão para o Brasil de hoje, um país que se vê diante de questões que já estavam presentes na versão original, mas que agora ganham um novo contorno, impulsionado pela era digital e pelos desafios contemporâneos. Ele cutuca até o próprio personagem: "Afonso é um reflexo dessa sociedade que adora ostentar um 'melhor lado'''.

Leia também -> Resumo dos capítulos da novela Vale Tudo.

O remake de Vale Tudo celebra os 60 anos da Globo. A autora Manuela Dias está responsável pela atualização da trama, e Paulo Silvestrini assina a direção artística.

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