LAIKA
REPRODUÇÃO/TV GLOBO
Edu (Caio Manhente) com a cadelinha Laika em Garota do Momento; nome faz referência à Astronomia
Edu (Caio Manhente) não limitou seus estudos de Astronomia à faculdade em Garota do Momento. Apaixonado pelo tema, ele até batizou a sua cachorrinha, Laika, pensando nisso. O nome dela faz referência à primeira cadela enviada ao espaço --que, ao contrário de sua homônima fictícia, teve uma vida bem menos tranquila.
A vira-lata histórica foi capturada nas ruas de Moscou na década de 1950. A equipe de astrônomos da URSS (União das Repúblicas Socialistas Soviéticas) pretendia enviar um cão, de até 7 kg, com pelos curtos e preferencialmente fêmea, para uma missão espacial. A ideia era monitorá-la para entender como os sinais vitais de um mamífero se comportariam fora da atmosfera terrestre. Daí, a importância do pelo curto: os sensores eram colados na pele do animal.
Eles queriam fêmeas por as acharem mais disciplinadas, e o peso precisava ser inferior a 7 kg devido ao tamanho da cápsula que transportaria o animal --ela tinha o tamanho de uma máquina de lavar. O maior problema, porém, era que o equipamento não conseguiria pousar. Os russos ainda não haviam projetado um jeito de fazer isso. Ou seja: Laika foi enviada para a morte.
Outros 27 animais morreram nos experimentos da corrida espacial, seja do lado dos Estados Unidos, seja da União Soviética --em plena Guerra Fria (1947-1991), as duas nações disputavam quem seria a primeira a dominar o espaço. Apenas Laika, porém, foi mandada deliberadamente para morrer. Os outros foram vítimas de "circunstâncias imprevistas".
Trinta e oito animais, entre macacos, cães e coelhos, foram enviados para o espaço e sobreviveram, mas voltaram exauridos e traumatizados. O grande inimigo no caso de Laika foi mesmo a pressa. Além de pressionados para ultrapassar os Estados Unidos, os cientistas receberam uma encomenda do líder soviético Nikita Khrushchev (1894-1971) para que antecipassem a missão de enviar um ser vivo ao espaço para a data do 40º aniversário da Revolução Comunista, 7 de novembro de 1957 --um ano antes da novela.
O engenheiro responsável programa espacial, Sergei Korolev (1907-1966), foi quem teve a ideia de mandar a cachorra e chefiou o projeto de recrutamento. Após dispensar cães de raça e com pedigree --por serem considerados mimados e incapazes de alcançar bons resultados nos cursos de "sobrevivência em situações graves"--, Korolev foi atrás de animais de rua.
Laika ficou entre as três finalistas e foi escolhida por causa da situação de suas adversárias. Uma estava grávida, enquanto a outra tinha um formato de pata que dificultava a instalação de sensores.
Guto (Pedro Goifman) e Laika na novela
Antes de ser enviada para o espaço, Laika passou por um treinamento intensivo. Ela era inserida em caixas cada vez menores para que não entrasse em pânico no espaço. Alguns dias antes do lançamento, passou a ser trancafiada na própria cápsula, denominada Sputnik 2.
A vira-lata também foi treinada para comer uma mistura de nutrientes gelatinosos e para suportar a aceleração do lançamento e os ruídos da nave. Ela só teve um dia "normal" depois de ser tirada nas ruas: o anterior ao lançamento, quando foi levada para a casa da família de um cientistas e pôde brincar com crianças antes do seu fim.
Em formato cilíndrico, a Sputnik 2 tinha apenas quatro metros de altura e dois de diâmetro. O local contava um dispositivo para regeneração química do ar e um alimentador automático que abria, duas vezes por dia, a tampa de um recipiente com o gel especial para que a cadela comesse.
Cirurgiões implantaram nas costelas de Laika um sensor para medir sua respiração. Outro aparelho, para medir o pulso, foi inserido na artéria carótida. Ela ainda tinha que aturar dispositivos para medir temperatura e pressão e realizar cardiogramas.
Foi por causa desses equipamentos que os cientistas souberam como Laika morreu. Ela teve uma aceleração de batimentos cardíacos ainda durante o lançamento, num nível que não tinha sido antecipado pelos cientistas. Eles já haviam feito testes com a vira-lata, mas os batimentos dela voltavam ao normal pouco depois, o que não aconteceu no fatídico dia.
Seis horas depois do lançamento, a cadela teve uma parada cardíaca. Além do estresse, houve um superaquecimento da cabine onde ela estava. O local chegou a marcar 40º C nos sensores, e a umidade do ar diminuiu muito.
À época, o governo soviético ocultou a informação sobre a morte de Laika. Jornais publicaram boletins informativos sobre a saúde da cadelinha, que já estava morta. Pouco depois, porém, a agência de notícias soviética informou que a viajante de quadro patas foi sacrificada "por motivos de humanidade".
DOMÍNIO PÚBLICO
A verdadeira Laika, a bordo da Sputnik 2
A população se revoltou, e cartas foram enviadas tanto para o governo quanto para as Nações Unidas, denunciando a crueldade do programa. Mas uma parte dessas pessoas sequer soube o que de fato aconteceu com a vira-lata. Edu, em pleno 1958, também não saberia: a verdade só veio à tona em 2002.
Dimitri Malashenkov, do Instituto para Problemas Biológicos de Moscou, apresentou evidências do que realmente aconteceu no World Space Congress (Congresso Mundial do Espaço, em tradução livre), em Houston, Texas, nos Estados Unidos.
O satélite com o corpo de Laika deu 2.370 voltas em órbita e pegou fogo ao entrar na atmosfera em 14 de abril de 1958. Korolev, que mandou a cadela ao espaço, só teve sua identidade revelada após sua morte, em 1966. Antes, ele era mencionado pela imprensa oficial apenas como o "projetista-chefe" do programa espacial soviético. O segredo pretendia evitar que especialistas-chave do país acabassem indo parar nas mãos do inimigo.
No fim, a União Soviética perdeu a guerra espacial para os Estados Unidos. O país norte-americano esteve por trás da missão Apollo 11, que consagrou Neil Armstrong (1930-2012) como o primeiro homem a pisar na Lua, em 20 de julho de 1969. Ainda assim, Laika é considerada uma heroína para os russos. Em 2008, uma estátua foi erguida em Moscou em sua homenagem.
Leia também -> Resumo dos próximos capítulos da novela Garota do Momento.
Garota do Momento é escrita por Alessandra Poggi, com colaboração de Adriana Chevalier, Aline Garbati, Mariani Ferreira, Pedro Alvarenga e Rita Lemgruber. A direção artística é de Natalia Grimberg, e a direção-geral de Jeferson De.
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Resumo de Garota do Momento: Capítulos da novela das seis da Globo - 23/11 a 7/12
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