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REPRODUÇÃO/TV GLOBO
Cássio Gabus Mendes e Betty Faria em Tieta: personagens viveram romance controverso
Tieta (1989) vai substituir Alma Gêmea no Vale a Pena Ver de Novo a partir de 2 de dezembro. Originalmente, a história abordou em tom crítico o conservadorismo e o falso moralismo. Agora, a emissora terá que fazer cortes para adaptar tramas consideradas impróprias para o horário da tarde --algumas que já chocavam o público naquela época.
Na cidade fictícia de Santana do Agreste, Tieta (Claudia Ohana/ Betty Faria) foi vista pelos moradores como uma mulher transgressora e liberal demais para os "bons costumes". Ela é escorraçada pelo pai e, humilhada por todos, vai embora para São Paulo. A protagonista volta anos depois exuberante, rica e com a língua ainda mais afiada.
O contraponto com Tieta é sua irmã, a beata Perpétua (Joana Fomm), que não cansa de disparar falas machistas. A transgressão, tanto criticada em Tieta, é abordada em todos os personagens. Eles vivem às escondidas e, às claras, mostram apenas o que é aceito pela sociedade.
Uma das tramas centrais de Tieta é o romance da mocinha com o sobrinho, interpretado por Cássio Gabus Mendes. A novela ainda trata de pedofilia, possui cenas de nudez explícita, e também retrata uma mulher ninfomaníaca.
Durante as noites de lua cheia, uma figura feminina misteriosa vaga pela cidade de Santana do Agreste, atraindo e seduzindo homens. Conhecida como Mulher de Branco, ela foi uma aparição envolta em mistério. No desenrolar da novela, descobriu-se que essa figura era, na verdade, Laura (Claudia Alencar), esposa de Dário (Flávio Galvão), que não conseguia controlar seus desejos sexuais apenas com o marido.
O coronel Artur de Tapitanga (Ary Fontoura) era um personagem aparentemente indefeso, que não chegou a incomodar o público. No entanto, a trama poderia ser vista com maus olhos hoje. Homem adulto e consciente de seus atos, ele seduzia meninas jovens, as quais chamava de "rolinhas". O coronel as levava para casa, oferecendo conforto, mas por trás escondia seu desejo.
Já a vilã Perpétua era a representação perfeita de Santana do Agreste. Beata conhecida na cidade e tida como cidadã modelo, ela vigiava a moralidade dos habitantes e gostava de julgar as mulheres. O machismo da falsa religiosa era enfatizado por suas falas humilhantes sem pudor ou sororidade. Ela chegou a chamar Amorzinho (Lilia Cabral), de "tola, imoral, devassa, libertina, e quenga".
Tieta apareceu em diversas cenas de nudez explícita. Em seu plano de vingança contra a irmã, ela seduz o sobrinho, Ricardo. Essa relação não apenas causou polêmica pelo grau de parentesco dos personagens, como também pelo fato dele ser um seminarista. O público não aceitou essa relação de imediato,e a Igreja Católica também a recriminou.
A novela não economizou na sensualidade. Além de colocar muitos personagens em cenas íntimas, a abertura de Tieta trazia a modelo Isadora Ribeiro nua em várias tomadas. Enquanto os créditos do elenco, direção e equipe criativa da produção apareciam na tela, o público acompanhava as curvas dela. As imagens foram censuradas já em sua primeira reprise em 1994.
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