Cópia? Paolla Oliveira e Alice Wegmann enfrentam dilema no remake de Vale Tudo

À exceção de Bella Campos, que enfrenta críticas desde a primeira chamada do remake de Vale Tudo, Paolla Oliveira e Alice Wegmann se tornaram dois dos alvos mais cobrados pelo público que acompanha a novela das nove da Globo. As atrizes estão em uma encruzilhada de precisar agradar tanto a quem carrega a memória afetiva da versão de 1988 quanto aos novos espectadores que hoje consomem TV de maneira diferente.

Tanto Paolla quanto Alice estudaram com afinco as atuações de Renata Sorrah e Lídia Brondi, que eternizaram as personagens na primeira versão da trama. As duas não esconderam que viram trechos da novela e buscaram entender as nuances construídas pelas atrizes originais, mas também deixaram claro que queriam imprimir as próprias camadas aos papéis.

Ainda assim, a reação do público foi imediata e, em muitos momentos, injusta: se as atrizes se aproximam demais das interpretações clássicas, são acusadas de "cópia". Se arriscam caminhos muito diferentes, são chamadas de desrespeitosas com o legado da novela. Até mesmo a forma física de Alice foi colocada em pauta como algo "exagerado" no folhetim.

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Paolla Oliveira revelou no Encontro com Patrícia Poeta que não assistiu à novela inteira, mas focou em cenas específicas de Renata Sorrah para absorver a maneira como Heleninha transitava nas emoções e nos dilemas que a cercam, sobretudo em sua luta contra o álcool. Essa preparação fica visível em tela.

A "nova Heleninha" carrega trejeitos muito próprios --uma gesticulação marcada, um jeito contido de olhar, o movimento hesitante da cabeça-- que ajudam a traduzir não só o alcoolismo da personagem, mas também a profunda insegurança que atravessa sua jornada no remake.

Já Alice Wegmann foi além e assumiu que ficou "obcecada" pela versão original de Vale Tudo depois que soube que viveria Solange Duprat. O corte de cabelo, que claramente homenageia a personagem vivida por Lídia Brondi, reforça o elo entre passado e presente, ainda que tenha sido uma decisão artística da própria Globo.

E, assim como Paolla, Alice encontrou um espaço seguro entre a reverência e a autenticidade: sua Solange carrega um tom contemporâneo, mais pragmático e menos idealista, mas ainda conserva a ética e a firmeza que tanto encantaram o público da primeira versão.

Paolla destaca a vulnerabilidade da Heleninha em lugar da altivez que marcou a versão de Renata Sorrah. Alice, por sua vez, trouxe para Solange uma mulher mais assertiva, que não se deixa paralisar pelas emoções, mas que ainda carrega aquele senso de justiça que a personagem sempre representou.

O fato é que tanto Paolla Oliveira quanto Alice Wegmann abraçaram papéis desafiadores e que exigem, mais do que talento, coragem para revisitar memórias afetivas sem medo de críticas. E, no fim das contas, esse é o maior sinal de respeito que se pode ter por uma história que atravessa gerações.