Com pinta de galã, Jesus de Amor Perfeito vai do pecado ao milagre nas redes

Intérprete de Jesus Cristo em Amor Perfeito, Jorge Florêncio brinca que está vivendo uma experiência para lá de abençoada nas redes sociais. O ator conta que já recebeu retornos de todos os tipos sobre a novela das seis da Globo --até de pessoas que não se intimidam diante da figura sacra para lhe passar uma cantada. "Eu me divirto, confesso", revela.

O galã fica igualmente feliz ao descobrir que o seu personagem também ajuda telespectadores em momentos de dificuldade. "Tem de tudo. Desde quem pergunta se é pecado achar Jesus gato ou se Jesus é solteiro até relatos de pessoas com crises de ansiedade, dizendo que as minhas cenas as ajudaram a controlar", explica ele em entrevista ao Notícias da TV.

"Recebo uma avalanche de comentários sobre as aparições de Jesus com Marcelino [Levi Asaf]. É unânime o sentimento de acalanto e comoção com os encontros. Sinto que nós, enquanto equipe, estamos no caminho certo ao me deparar com tamanho afeto", acrescenta.

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O próprio Florêncio já foi tocado pelo papel nos bastidores. "Jesus é a personificação do amor, então falar dele é, acima de todas as coisas, falar de amor", filosofa o artista, que todos os dias renova a sua fé ao chegar para gravar o folhetim de Duca Rachid e Júlio Fischer:

Experiências sagradas estão para além de qualquer religião, o que me conecta a essas vivências está muito relacionado com o que sinto no meu coração. Não penso se são cristãs, budistas ou do candomblé. Só as sinto. Elas estão presentes diariamente quando coloco a roupa, começo o processo de caracterização com a peruca, as chagas. Afeta diretamente o meu emocional.

Força, foco e fé

Florêncio deixa bem claro que não é nada fácil interpretar Jesus Cristo, ainda mais a partir da visão de uma criança. "É o momento pós-crucificação, em que ele já teria ressuscitado. Existe um lugar soberano, mas não soberbo, em que as linhas de construção têm que ser muito certeiras", avalia.

Jesus não erra. Então há um cuidado redobrado em como é dito cada palavra, cada respiração e literalmente cada piscada do personagem. São momentos e inflexões que são dirigidos minuciosamente, tudo na maior calma e concentração que um set exige. É inegável que há leveza na relação ali no sótão com Marcelino, mas é uma leveza nada fácil.

O ator também tem figuras que o guiam de uma forma muito pessoal e afetiva, assim como o messias leva Marcelino pela mão no folhetim. "Sou bastante ligado a Jesus, devoto de São Jorge e acredito na força dos orixás. É de um pouco disso tudo que vem a minha fé, a minha força para seguir", pondera.

À imagem e semelhança

Florêncio confessa que sua cabeça deu um nó quando André Câmara, diretor artístico de Amor Perfeito, o ligou para falar sobre o papel. "Fugindo de todo e qualquer eurocentrismo que há séculos e séculos nos impuseram como verdade absoluta. Um prato cheio para qualquer ator", diz.

O desejo de interpretar o filho de Deus já vinha desde quando ele assistia a encenações da Paixão de Cristo:

É uma imensa responsabilidade que eu, um ator de classe média, nascido e criado no subúrbio carioca, dê vida a Jesus. É de uma gigantesca representatividade ser visto por pessoas que assim como eu, pardas e pretas, não tinham referências de santidade dentro do cristianismo ou nas grandes produções com temática cristã. O que víamos e ainda vemos são imagens de anjos e santos sempre no estereótipo da pele clara.

"Poder, nos dias de hoje, viver um Jesus não eurocêntrico dentro de uma emissora com grande alcance e poder como a Globo é de uma relevância para a sociedade como um todo. Eu me sinto agraciado, um presente divino", arremata o artista.

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