MARI ALDEIA
FÁBIO ROCHA/TV GLOBO
A atriz Mari Aldeia interpreta a fofoqueira Vanilda na novela das sete da Globo, Volta por Cima
A atriz Mari Aldeia começou a trabalhar com 14 anos como jovem aprendiz, não pretende ter carro e usa o transporte público no Rio de Janeiro com frequência. Ela interpreta Vanilda em Volta por Cima e destaca a importância de a trama trazer a realidade de quem anda de ônibus à dramaturgia da Globo. Entre os assuntos que a novela das sete vai abordar está o assédio sexual, situação que constrange milhares de mulheres todos os dias.
"É uma questão pesada e que aconteceu comigo. Até para ir para o trabalho a gente se defende. Para poder ir a uma padaria, a gente se defende. Mas o transporte público é um lugar muito desconfortável, sendo bem sincera, apesar de eu usar muito, isso retrata a realidade", admite a intérprete.
Vanilda trabalha na sala de monitoramento da frota da Viação
Formosa. É a fofoqueira da empresa --dizem que acompanha não só os ônibus, mas a vida de todo mundo ali. Foi ela quem contou para Jão (Fabrício Boliveira) sobre um amigo da mulher do chefe "roubar" a promoção dele.
A personagem vai crescer bastante em cena; afinal, será a principal voz da "rádio catraca", a rede de fofocas da empresa de ônibus que ambienta a novela. A atriz, entretanto, vê com bom olhos ter funcionários do transporte público protagonizando uma saga folhetinesca para que o grande público olhe para motoristas e cobradores com carinho.
"É muito bacana poder trazer essa realidade para o público brasileiro. Vai rolar uma identificação muito forte, porque ali acontecem várias realidades juntas. Então, é muito lindo trazer essa parte exaustiva do trabalhador e também ver esse outro lado, do cafezinho, do almoço, em que todo mundo se encontra e tem aquele diálogo. Isso é muito grandioso, eu vejo muita afetividade nisso", comenta a artista.
Ela lembra que não começou como atriz, foi jovem aprendiz em uma fábrica de salgadinhos, depois frentista e viveu uma rotina parecida com a dos colaboradores da Viação Formosa. "Tinha aquela pequena pausa que a gente dava risada", recorda-se.
Atualmente, Aldeia --como ela é chamada por todos-- já se pega prestando atenção na troca dos passageiros e observando motoristas, principalmente quando encontra uma condutora de ônibus mulher.
"Eu sou da zona oeste, sou de Bangu, então quando eu lembro de transporte, eu lembro muito do [ônibus das linhas] 819 e 387, sabe? São duas linhas que me marcaram muito. E, aí, são várias histórias que eu tenho guardadas, bate uma nostalgia. Quando eu estava gravando lá na garagem, me vieram várias sensações deliciosas. Só a do assédio que sofri dentro de um ônibus que foi uma coisa muito delicada. E é um medo que é muito presente nas vidas das mulheres", lamenta Aldeia.
De qualquer maneira, ela acha importante jogar esse assunto na casa das pessoas, para que todos conversem sobre o que acontece quando seus filhos, mulheres e maridos estão no transporte público. Por meio do diálogo, os pais podem orientar os herdeiros e as mulheres podem refletir sobre como reagir a qualquer tipo de importunação.
Leia também ->Resumo dos próximos capítulos da novela Volta por Cima.
Volta por Cima é escrita por Claudia Souto e se passa na fictícia Vila Cambucá, no subúrbio do Rio de Janeiro. A direção artística é assinada por André Câmara. Jéssica Ellen e Fabrício Boliveira vivem os protagonistas da história, Madá e Jão, respectivamente.
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