Após censura, Globo mantém em Tieta discurso de Betty Faria contra transfobia

Com a abertura censurada devido a nudez, a reprise de Tieta (1989) no Vale a Pena Ver de Novo surpreendeu parte do público por não ter cortado um diálogo entre Tieta (Betty Faria) e Ricardo (Cássio Gabus Mendes) sobre transfobia. Na sequência, a protagonista dá uma verdadeira aula após o sobrinho criticar "homens que se vestem de mulheres" --referindo-se a Ninete (Rogéria).

O capítulo desta terça (25) mostrou Ricardo revoltado com a visitante de Santana do Agreste. O seminarista argumentou que não achava certo o modo com que Ninete se apresentava para a sociedade. Imediatamente, Tieta interrompeu o sobrinho e jogou na cara dele que o romance dos dois também era imoral.

"Com que direito você enche a boca e fala nas leis de Deus, que lei é essa? Por acaso Deus lhe passou procuração para agir em nome dele?", disparou a protagonista. "Você não pode achar que um homem que se veste de mulher é uma coisa normal", discutiu ele.

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"E é a roupa que importa? É a aparência? Aos olhos de Deus é a aparência que importa, ou o caráter? Fale de uma vez! A censura já acabou", desafiou Tieta. Ricardo abaixou a guarda, mas ainda assim manteve seu argumento. "Um homem é um homem, e uma mulher é uma mulher. Deus criou o sexo com um papel definido. Com uma função", defendeu.

"E quem não se enquadra nesse papel definido, nessa função, você acha que a gente deve fazer o quê? Afogar no mar?", prosseguiu a personagem de Betty Faria. "Não! A gente deve dar todo tipo de ajuda para essas pessoas se corrigirem. Para que elas se tornem normais como as outras. Tieta... a gente é normal!", afirmou o filho de Perpétua (Joana Fomm).

Tieta discordou de Ricardo, já que os dois vivem um affair após ela seduzi-lo. O que o seminarista não sabe é que a perua armou tudo como uma forma de se vingar da irmã, Perpétua. "Aos teus olhos nós somos normais, porque de fora essa gente toda nos condenaria se soubessem do nosso amor. Nosso amor não é um amor normal", criticou ela.

"Você quer que todo mundo seja igual, que se vista igual, que siga as mesmas regras? O ser humano não foi feito por decreto. Nascemos em máquinas por acaso? Saímos da fábrica tudo bonitinho, enfileiradinho, um atrás do outro, todos exatamente iguais? Acha que todos têm que se comportar do mesmo jeito. Não admite que uma pessoa não viva dentro do jeito que você considera normal", concluiu Tieta.