Andrea em Beleza Fatal, atriz explica decisão de autor para dar lição no público

Intérprete de Andrea Reys em Beleza Fatal, a estreante Kiara Felippe analisa a relação da professora de dança com Tomás (Murilo Rosa) e Rog (Marcelo Serrado) na novela da Max. A atriz explica que o autor Raphael Montes usa a trajetória da personagem trans para dar uma lição no público: a de não desistir do amor.

"Quando li o roteiro, eu, Kiara, pensei que se fosse comigo já teria pulado dessa relação por não ter a mesma paciência que a Andrea e de ver que até aqui foi mais um problema do que uma solução. A minha vida social se reflete assim, colocando mais energia na profissão do que no amor", conta em entrevista ao Notícias da TV.

"Mas, conversando com o Raphael [autor da novela], percebi que a Andrea tinha algumas coisas a me ensinar e para ensinar para o público que é 'nunca desistir do amor'. Mais ainda porque ela colocou para si que merecia ser amada e isso seria uma prioridade, independentemente das adversidades e do tempo que levasse. Eu achei lindo, inspirador e poético!", valoriza.

PRÓXIMO CAPÍTULO

Resumo da novela Mania de Você hoje: Viola se enfia na cadeia por Rudá

NESTA SEGUNDA

Resumo de Garota do Momento: Beto desiste de Beatriz e termina com ela

Nós, enquanto pessoas que sofremos com a falta de afeto, e um afeto com trocas verdadeiras, desistimos do amor. Ter uma personagem como Andrea lutando por ele, nos faz acreditar que todos nós merecemos um final feliz. E torcemos para que ela tenha o dela.

A novela da Max entrou em sua quinta semana. Nos capítulos lançados na segunda (24), Carol (Manu Morelli) não reage bem ao descobrir que o pai se envolveu com a professora de dança.

"Por mais que Andrea faça essa cobrança a Tomás de assumir a relação deles, de uma certa forma ela enxerga que isso só cabe a ele e que é algo individual. Há um respeito nisso! Então, assumir para a filha também é um trabalho do Tomás, pois a ligação é bem maior entre eles (pai e filha) do que elas (professora e aluna)", comenta a atriz.

"Ainda assim, é uma quebra que ele tem que fazer enquanto homem para conseguir, verdadeiramente, seguir com essa relação. De assumir com palavras e ações que a ama, não somente para ela, mas também para o mundo", ressalta.

Nos novos capítulos, Andrea também descobre quem é Rog de verdade. O fato de a dançarina se envolver com o mentiroso gerou revolta no público.

"A sociedade, quando se depara com uma personagem como Andrea, é impactada de várias formas. Representar Andrea como ela é foi algo de muita coragem do autor, plataforma e minha. Sempre que se traz a vivência trans em um projeto audiovisual, sobretudo em uma novela, é uma representação mais sutil, frágil, dolorosa para que assim a sociedade se compadeça da personagem. Mas somos e vamos bem além dessas camadas, e isso é humanizar essa nova abordagem e narrativa", analisa.

A sociedade ainda está sendo inserida a esse novo contexto e abordagem, que é de extrema importância ser representado para quebrar idealizações pejorativas de uma vivência/personagem trans.

"Eu sempre trago reflexões e perspectivas para que o telespectador consiga atingir uma camada que, pela sua vivência ou por falta de vontade, jamais acessaria. Trazendo uma naturalização de várias características que nós, pessoas trans, podemos ter. E isso também diz respeito em como nós, enquanto sociedade, nos relacionamos afetivamente com pessoas trans e travestis", arremata.

Primeira novela

Beleza Fatal marca a estreia de Kiara Felippe nas novelas. Ela soube da seleção para o folhetim por meio da agência. "Me preparei bastante. Sabia que, além da oportunidade, era um papel e projeto grandes, um desafio que me instigava. Fui fazer o teste de peito aberto, me sentindo muito positiva, conectada a essa personagem. Passei de primeira", conta a artista.

"Foi uma experiência nova porque, além de ser a primeira novela, também era a primeira de um streaming, mas foi um processo tão maravilhoso e fluido que resultou nesse sucesso todo que vocês estão acompanhando", vibra.

A atriz também tem percebido a repercussão da história nas ruas. "Agora, morando no Rio de Janeiro, já fui abordada algumas vezes. E sempre recebo mensagens nas minhas redes da galera reagindo positivamente com a novela, torcendo pela personagem. Acho que isso se dá pelo roteiro, narrativa, interpretação e elaboração cuidadosa da Andrea", afirma.

Os telespectadores queriam ver uma história que condiz mais com a nossa atualidade. Uma personagem com camadas e profundidade, que está sendo representada de uma forma mais corajosa e verdadeira, sendo 'mocinha', mas sem a passividade, submissão… Andrea é humanizada, e isso gera mais conexão com o público!

De cara, Kiara teve de se preparar para uma sequência mais picante: "Foi o primeiro projeto que faço 'sexo', e a minha primeira cena foi com o Rog na sauna (risos)".

"Mas foi algo confortável, ensaiamos com a preparadora de elenco Ana Kutner, trazendo entre o elenco mais proximidade. Nas cenas sensuais teve o acompanhamento pessoal da coordenadora de intimidade. Foi tudo muito bem elaborado e dirigido, achei o resultado incrível", celebra.

A atriz também não teve dificuldades com as cenas de dança. "Já tinha o corpo em movimento. Fiz pole dance durante muito tempo, fiz vogue, dança afro brasileira, kuduro, funk, dancehall… Tudo de uma forma sem me especializar, mas imersiva. Reviver esse corpo foi incrível e muito prazeroso, conseguir trazer esse tônus a mais para a personagem foi divertido, amei!"

Agora, Kiara já almeja atuar em outras produções. "Era um sonho adormecido que despertou, ainda quero fazer vários outros projetos enquanto atriz, não só no audiovisual, mas também nos palcos de um teatro. É muito recente esse movimento pela representatividade, e agora tendo feito Beleza Fatal com essa narrativa da Andrea me encontrei no audiovisual!", conta.

Essa personagem foi um presente enorme, e pretendo fazer outras que não necessariamente pautem somente a transexualidade. O primordial é que seja escrita com profundidade, humanidade e coragem!

"Eu tenho diferentes características e gostos pessoais que quero emprestar para uma próxima personagem. Penso em fazer uma lutadora de muay thai, uma cantora, DJ, heroína e até uma vilã. São tantas que eu posso ser que a transexualidade, só de ser eu interpretando, já vai estar inserida sem precisar ser a pauta principal. Mas, se essa for a narrativa da próxima personagem, vou encarar novamente com verdade e entrega, da mesma forma que fiz Andrea!", promete a atriz.