ESPIRITISMO
REPRODUÇÃO/TV GLOBO
Débora (Ana Lucia Torre) em cena de Alma Gêmea; novela retrata temas voltados ao espiritismo
Alma Gêmea se aproxima do fim de sua terceira exibição na Globo e, mais uma vez, tem rendido ótimos números de audiência. O interesse dos telespectadores pela história pode servir como lição à direção da emissora, que nos últimos anos baniu as novelas com tramas espíritas de sua programação inédita.
O último folhetim da Globo que envolveu temas característicos do espiritismo, como reencarnação, foi Espelho da Vida (2018). A história, sobre uma mocinha que entrava num espelho para voltar no tempo e desvendar o assassinato de sua encarnação passada, não foi um grande hit como Alma Gêmea, mas conquistou público cativo e teve picos de audiência na reta final.
Espelho da Vida foi a última novela da autora Elizabeth Jhin, dispensada da Globo em 2021. Ela ficou conhecida por escrever tramas de viés espírita, como Escrito nas Estrelas (2010) e Além do Tempo (2015).
Nos últimos anos, a Globo tem se esforçado para ter maior representatividade em suas novelas e programas, tentando acompanhar dados sobre a população e a sociedade brasileiras.
Vem daí, por exemplo, o fato de as três novelas no ar atualmente terem protagonistas negras. Também é por isso que as novelas têm mostrado mais personagens evangélicos ou adeptos de religiões de matriz africana.
Em 2022, Amauri Soares, atual diretor dos Estúdios Globo, fez uma apresentação no Rio2C, evento focado na indústria audiovisual, na qual mostrou dados que apontavam que o Brasil se encaminhava para ter a maior parte da população se declarando evangélica. Ele afirmou:
O país vai se transformando num país multirreligioso. Nós estamos muito atentos a isso. Se trabalhamos com representação social, conexão, precisamos entender quais são os impactos que essa transformação tem na vida das pessoas.
A decisão da Globo de acenar a grupos identitários e a organizações religiosas que contam com mais fiéis no Brasil não é errada ou prejudicial, pelo contrário. Mas deixar as novelas espíritas de lado talvez não seja a melhor estratégia para agradar ao público.
Tramas espíritas oferecem mais do que apenas representatividade para os adeptos do espiritismo. Elas proporcionam de fato dramas, romances e possibilidades narrativas muito interessantes e que vão além da religiosidade.
Apesar de ter cenas educativas e explicativas sobre práticas e rituais do espiritismo, Alma Gêmea fez sucesso mesmo pelo aspecto misterioso e sobrenatural das tramas. Os espíritas nunca estiveram perto de ser a maioria da população brasileira, e ainda assim a novela levanta o ibope da Globo sempre que é exibida.
Momentos como a descoberta de que Serena (Priscila Fantin) é a reencarnação de Luna (Liliana de Castro), a morte de Débora (Ana Lucia Torre) e a ida de Cristina (Flávia Alessandra) para o Inferno apelam para algo de teor fantástico, para revelações e reviravoltas, o que se traduz em interesse (não apenas do público espírita) e em audiência alta.
Nos últimos anos, a Globo tem investido muito em remakes. Deu aval para as novas produções de Pantanal (2022), Elas por Elas (2023), Renascer (2023) e Vale Tudo (2025), mas recusou um remake de A Viagem (1994), um dos grandes sucessos espíritas da emissora.
Não se pode dizer se uma nova edição da novela de Ivani Ribeiro (1922-1995) seria ou não bem-sucedida, mas talvez esta recusa seja representativa de uma visão limitada da Globo.
Ainda que o país esteja em constante mudança, historicamente boa parte das novelas espíritas instigaram curiosidade no público, algo que as tramas mais recentes têm cortado um dobrado para conseguir.
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