Acima da média, Vai na Fé segue fórmula com capítulo final rito de passagem

Vai na Fé foi do início ao fim uma novela acima da média --e não só na audiência, que é o principal termômetro para o mercado publicitário. Diálogos sensíveis e, ao mesmo tempo, didáticos fizeram a diferença na trajetória da saga escrita por Rosane Svartman. Empatia foi um recurso diário na história, assim como a apresentação das diversas transformações pelas quais a sociedade passa e se adapta.

O último capítulo não trouxe nada de novo, mas fechou as narrativas dos personagens para que o público pudesse se despedir. O casamento de Sol (Sheron Menezzes) e Ben (Samuel de Assis) e a prisão de Theo (Emilio Dantas) seguiram os moldes típicos dos folhetins.

Muitos elogiam os atores quando uma obra vai bem, mas a trama encabeçada por Sheron Menezzes foi bem-sucedida na sua concepção geral. A equipe comandada pelo diretor artístico Paulo Silvestrini também funcionou como uma orquestra bem afinada. 

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Não dá para passar pano para as barrigas --jargão para narrativas que não dão em nada-- criadas para manter a história no ar por 179 capítulos. A novela estreou em 16 de janeiro e se manteve forte e habilidosa a maior parte do tempo. Odiar Theo (Emilio Dantas) virou um esporte para muitos noveleiros, e amar Wilma (Renata Sorrah) também.

O olhar de aceitação e libertação sobre a morte, com a despedida de Dora (Claudia Ohana), foi um espetáculo para aplaudir de pé. Os roteiristas liderados por Rosane fizeram milhares de telespectadores chorarem com um Carnaval em pleno funeral. E as aparições da mãe de Lumiar (Carolina Dieckmann) pós-morte iluminaram alguns capítulos que estavam mais monótonos na reta final.

Vai na Fé foi se despedindo aos poucos. A partir do julgamento de Theo e da morte de Dora, o elenco já imprimia "a tristeza do acabou e a alegria do missão cumprida" na interpretação. Infelizmente, essa morte lenta não é tão agradável.

Engolir as burrices dos seus personagens mais queridos é sempre complicado. Não dá para esquecer que novela é como futebol, todo mundo se acha técnico. Criticar é mais fácil que elogiar. 

Ben se casou com Sol após Theo ser preso

O que aconteceu no final de Vai na Fé?

O último capítulo seguiu a fórmula tradicional dos folhetins, com o vilão tentando matar o mocinho, encarando a morte e ressurgindo das cinzas. Psicopata, Theo foi até o último minuto uma peste. Tentar sequestrar Sol (Sheron Menezzes) foi o ato final, mesmo sendo algo tão manjado nos encerramentos das novelas.

A coroação de mocinha, com direito a participação de Fátima Bernardes, também foi um recurso que os novelistas gostam de usar. O parto de Guiga (Mel Maia) serviu para mostrar o amadurecimento do núcleo jovem, que começou a saga com picuinhas em plena sala de aula.

E o casamento dos mocinhos foi como um rito de passagem, necessário para que o elenco se reunisse e festejasse o desfecho de Vai na Fé. Uma cerimônia para encher os olhos do telespectador, que também pôde comemorar que tudo deu certo.

Vai na Fé será substituída por Fuzuê a partir de segunda-feira (14). A trama escrita por Gustavo Reiz é uma comédia romântica, ambientada no Rio de Janeiro, e traz uma caça ao tesouro como principal disputa. 

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