CINEMA BRASILEIRO
DIVULGAÇÃO/CCXP
Wagner Moura durante homenagem que recebeu na CCXP 24; ele elogiou o filme Ainda Estou Aqui
O longa Ainda Estou Aqui, que já levou mais de 2 milhões de brasileiros aos cinemas e foi indicado nesta semana a duas categorias no Globo de Ouro (filme de língua estrangeira e atriz em filme dramático), conquistou também um fã ilustre: Wagner Moura. O ator exaltou o feito da produção, que foi capaz de fazer o público nacional se orgulhar de seus artistas.
"Ainda Estou Aqui é demais, e é demais ver as pessoas indo assistir àquele tipo de filme, que fala daquele assunto da forma que fala. Sobretudo depois desses últimos anos, em que não só ser artista era uma coisa demonizada [como também a] Ditadura Militar [1964-1985], a tragédia que aquilo foi, era uma coisa que era discutível", disse o ator, em referência aos anos de governo Bolsonaro, em que muitas vezes o regime foi elogiado.
"São filmes como esse que fazem você ir ao cinema e ter uma reação emocional. É um filme que me dá muita alegria. E aí você vê os brasileiros orgulhosos daquilo, o Brasil sentindo orgulho de seus artistas, o orgulho da Fernanda Torres por esse trabalho f*da que ela fez, [orgulho] do Selton Mello, isso me deixa muito feliz. Durante muito tempo, nós éramos os inimigos do país, os ladrões da lei de incentivo, essa escrotidão toda. Fico muito feliz [com o sucesso de Ainda Estou Aqui]", afirmou Moura, em entrevista concedida durante a CCXP 24.
Nos últimos anos, o ator baiano se tornou uma estrela em Hollywood também, com trabalhos como as séries Narcos (2015-2017) e Sr. e Sra. Smith (2024) e o filme Guerra Civil (2024).
Ele ressaltou, no entanto, que não existe nada igual a poder atuar e expressar sua emoção em sua língua mãe. "Eu falo inglês, mas não sou um cara que fala muito bem. Eu me comunico com as pessoas, mas acho que atuar na outra língua é muito difícil. A minha humanidade profunda sai em baiano. É um trabalho de ficar muito preocupado de estar falando errado. Quando fiz Narcos, em espanhol, metade do meu cérebro ficava querendo estar ali e metade pensando: 'Será que pronunciei certo?'. Meio esquizofrênico", admitiu.
"Hoje, me libertei um pouco mais desse sentimento, vou lá e faço pra tudo soar bem. Ainda tive um sentimento dentro de mim, que eu sempre tive mas que cresceu, de uma autoafirmação da minha brasilidade. Sobretudo dentro do contexto de pensar que aquele país [Estados Unidos] é feito de gente que nem eu, que fala com sotaques diversos. Isso me deixou mais confortável de falar, menos preocupado. Mesmo assim, a minha emoção vem filtrada quando falo em outra língua", explicou.
O ator, que foi homenageado na CCXP 24 pelo conjunto de sua obra artística, ainda contou que muitas pessoas em sua juventude disseram que ele morreria de fome ao escolher esta carreira. Moura, no entanto, persistiu, alcançou o sucesso e deu sua perspectiva sobre isso:
Eu sempre tive muita coerência com o tipo de artista que eu queria ser. Tem coisa que eu nunca quis fazer. Quando você começa a ficar famoso, tem uma série de coisas da indústria, celebridades, não sei o quê, que eu nunca gostei.
"Na verdade, primeiro faço as coisas pra mim mesmo. Algo com que eu possa aprender alguma coisa sobre mim mesmo, que me faça entender algo que não sei", explicou. "Esse tipo de coerência eu não sei se tem a ver com sucesso, mas eu gosto de pensar que sou um artista que tem coerência com o trabalho, com as escolhas que eu faço, o tipo de filme que quero fazer."
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