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ROSA DOS VENTOS

'História ruim' e 'pouco criativa': Por que a Globo cancelou novela de Gloria Perez

Reprodução/TV Globo

Gloria Perez em participação no Altas Horas durante a pandemia; autora não renovou com a Globo

Gloria Perez em participação no Altas Horas durante a pandemia; autora não renovou com a Globo

DANIEL CASTRO

dcastro@noticiasdatv.com

Publicado em 11/4/2025 - 16h54

Rosa dos Ventos, novela que Gloria Perez ofereceu à Globo para substituir Vale Tudo, foi rejeitada pela emissora por ter sido considerada um "trabalho ruim", "pouco criativa, com repetição de histórias recentes" e "uma mistura de Travessia com Mania de Você", de acordo com pareceres elaborados por profissionais que assessoram a área de teledramaturgia.

O veto à produção desagradou Gloria Perez, que se recusou a assinar um novo contrato com a Globo, onde começou a trabalhar em 1979 e estava vinculada desde 1990. Em entrevista publicada nesta sexta (11) pelo jornal O Estado de S. Paulo, Gloria confirmou que o motivo do cancelamento da novela foi um aborto que movimentaria toda a história.

De acordo com a novelista, a Globo não rejeitou completamente Rosa dos Ventos, mas pediu que ela "contornasse [alguns pontos], descartando o aborto", um tema sensível e que aparece pouco no horário nobre. "Era impossível atender: o aborto é o ponto de partida da história, tudo o mais ocorre a partir dele, todas as tramas paralelas se relacionam a ele. Tirar o aborto era tirar o macaco do King Kong", disse ao Estadão.

Ocorre que, na avaliação da Globo, não seria um simples aborto, mas uma violência contra uma mulher cometida por um homem. Na trama, Giovanna Antonelli viveria Mabel, que se mudaria para o Rio Grande do Sul a fim de decolar sua carreira política.

Lá, seu marido, o rico empresário Murilo (Murilo Benício), encontraria Cibele (Grazi Massafera), uma musa de sua juventude, e se envolveria com ela, que ficaria grávida. Para evitar um escândalo e não prejudicar a mulher, Murilo doparia e executaria um aborto forçado em Cibele, gerando revolta e vingança.

Para profissionais que analisam sinopses e capítulos que chegam aos Estúdios Globo, a abordagem do aborto proposta por Rosa dos Ventos seria equivocada, pois não discutiria o direito da mulher a interromper uma gravidez indesejada, mas sim um crime brutal cometido por um homem como artifício para gerar comoção, uma reação conservadora.

Outro ponto que inviabilizou a novela de Gloria Perez foi a tentativa de emplacar uma candidata (não estava definido se a vereadora, deputada ou senadora) em uma novela que iria ao ar durante alguns meses de 2026, ano de eleições, o que a Globo evita. Disse Gloria ao Estadão:

A opção pelo cargo político é porque precisava colocar Mabel numa situação em que não pudesse ser envolvida em escândalo. Do começo ao fim da novela, [Mabel] seria candidata a candidata. Nenhuma chance de falar de política, de mostrar comícios, reuniões de partido, de apostar em polarizações.

Segundo fontes da Globo, a sinopse de Gloria Perez indicava sim que haveria candidato e eleição. Não bastasse os entraves com o aborto e com a política, a decisão de Amauri Soares, diretor-executivo da TV Globo e dos Estúdios Globo, de não levar a história adiante também foi baseada em pareceres nada gentis com a autora de O Clone (2003) e Caminho das Índias (2009).

Num desses documentos, a trama foi considerada uma "mistura de Travessia com Mania de Você", duas novelas recentes que a Globo prefere esquecer, por apresentar uma família rica que enfrenta traições e golpes internos ao longo da narrativa, repetindo enredos que não têm funcionado mais.

Globo e Gloria também se desentenderam quanto ao que seria uma maneira de homenagear o Rio Grande do Sul. Para a autora, a novela seria uma oportunidade de valorizar a cultura riograndense. Para a emissora, não pareceria muito simpática aos gaúchos uma trama de uma personagem que os usa como mera massa de manobra eleitoral.


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