ALE DIORIO
Reprodução/Instagram
Ale Diorio posando em uma piscina; influenciador resgatou sua força e autoestima na internet
Nascido no interior de Minas Gerais em uma família extremamente religiosa, Ale Diorio demorou para se assumir como uma pessoa não-binária. O influenciador, que aceita tanto os pronomes ele/dele quanto ela/dela, enfrentou obstáculos desde criança ao sofrer bullying na escola e intolerância da própria família por causa de sua identidade de gênero e sexualidade.
Atualmente, Ale usa os traumas e preconceitos como combustível para viver a vida do jeito que bem entende, e sua rotina passou a inspirar pessoas como ele no TikTok. "Minha família é muito crente, daquelas que não se pode fazer nada. Não podia ouvir música, não podia dançar... E eu gostava de tudo isso desde criança. Eu não enfrentava brigando, mas sendo criativo, inventava ideias e já tinha aflorado esse lado engraçado e artístico", conta o tiktoker, em entrevista exclusiva ao Notícias da TV.
Prestes a alcançar a marca de 500 mil seguidores na rede social, Diorio compartilha com os seguidores sua rotina, dicas de moda e até histórias íntimas e pessoais, que fazem com que ele se aproxime ainda mais de seus seguidores. "Eu sou uma pessoa muito forte e sinto que ainda tenho muito argumento para trazer para a internet. Eu venci todos os obstáculos que estavam na minha frente, a religião, a intolerância, o bullying. Tenho entendido na terapia que é daí que vem a minha força, eu praticamente fui meu próprio super-herói para chegar onde estou hoje", admite ele.
Ele também nunca teve vergonha de mostrar seu corpo. Inclusive, acredita que exibir sua autoestima é uma forma de inspirar pessoas para que tenham autonomia sobre os próprios corpos e se aceitem do jeito que são. "Tenho um lance com o meu corpo que é muito forte, eu valorizo muito a história do meu corpo. Politicamente falando, meu corpo inspira gays afeminadas e pessoas não-binárias a se cuidarem, se amarem e se valorizarem, como eu aprendi."
Por isso, Diorio abriu recentemente um perfil na Privacy, uma espécie de OnlyFans brasileiro, onde compartilha fotos mais ousadas e consegue ter um contato ainda mais profundo com seu público. "Eu sempre ia contra os preconceitos bobos, estava na linha de frente de ir contra os paradigmas e quebrar hipocrisias. Então, eu sempre usei roupas que não são devidamente masculinas, assumi meu gênero não-binário para todas as pessoas e nunca deixei de valorizar minha sensualidade. Meu objetivo é tirar o sexo de um lugar banal, colocá-lo de uma forma positiva e saudável para mim", explica.
Ainda que esteja dando pequenos passos na plataforma, ele se sente bem mais à vontade para se exibir por lá, sabendo que seu público é apenas adulto, e visa se tornar uma inspiração. "Eu gosto do meu corpo, eu gosto de biscoitar. Lá, eu posso biscoitar sem limites, que é algo que me ajuda demais. É como se eu tivesse um quarto a mais na minha casa, e eu pudesse fazer o que eu quisesse lá dentro", revela.
Ale Diorio, inclusive, já está sentindo os impactos financeiros de ter aberto um perfil sensual na internet. Ainda que sua renda não venha totalmente do TikTok ou da Privacy, ele sente que essa será uma ponte para alcançar ainda mais sua própria independência. "A grana vai ser totalmente destinada ao meu trabalho [como influenciador]. Será para eu conseguir trazer conteúdos melhores, para eu ganhar minha liberdade profissional total e só trabalhar produzindo conteúdo", acrescenta.
Apesar de o dinheiro ser um importante objetivo, seu intuito principal na internet é provar a si mesmo que ele é capaz de enfrentar as dificuldades e estimular pessoas da comunidade LGBTQIA+ a perseguirem seus sonhos. "Depois de tudo o que eu passei, eu tenho na minha cabeça: 'O que eu posso fazer? Como eu posso rever a situação e me divertir?'. O princípio de tudo é saber que você não pode desistir, você é sua maior força. Não é possível ser feliz o tempo todo, mas nada é para sempre. As coisas passam, em cada momento e cada dificuldade que a gente vive, a gente venceu. Tudo isso são flores que florescem dentro da gente. Eu não tenho mais medo da depressão e da ansiedade, porque eu sei a força que eu tenho", conclui.
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