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Fernanda Paes Leme e Giovanna Ewbank lideram o Quem Pode, Pod; formato é popular entre artistas
Os podcasts se tornaram uma das principais ferramentas de comunicação entre celebridades e o público. Com um desenvolvimento mais rápido, o formato permite que artistas assegurem uma alta visibilidade para além dos meios mais tradicionais, como a televisão. Porém, a falta de inovação no gênero pode fazer com que as produções acabem saturadas no mercado.
Eduardo Vicente, professor do Departamento de Rádio, Cinema e Televisão da Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP), lembra ao Notícias da TV que os podcasts começaram a ganhar notabilidade no Brasil a partir de 2018.
Durante a pandemia da Covid-19, em 2020, o formato se tornou ainda mais popular à medida que influenciadores e youtubers se aventuravam com as produções. "Tem até uma piadinha: todo mundo fazia pão ou podcast na pandemia", brinca Vicente.
"Essa popularização levou o podcast a se tornar um instrumento para esse tipo de comunicadores, pessoas que queriam ter sua visibilidade e que precisavam lutar por ela nas redes. A questão de ter ou não um podcast passou a fazer parte disso", continua.
Inicialmente, o público-alvo eram jovens do gênero masculino e com formação universitária. Mas a ascensão do formato possibilitou que ele se tornasse uma ferramenta para discussões de grupos feministas, periféricos e raciais.
Entre os destaques, é possível citar o Quem Pode, Pod, apresentador por Giovanna Ewbank e Fernanda Paes Leme; o PodPah, de Igão e Mítico; e Mano a Mano, de Mano Brown. Os dois últimos, por exemplo, chegaram a entrevistar Luiz Inácio Lula da Silva (PT) durante o período de eleições.
"Eles conseguem congregar esse público mais amplo, mais massivo. Eu acho que o podcast se tornou tão popular no Brasil por isso. Ele conseguiu ultrapassar essa barreira inicial e atingir públicos muito mais amplos e muito mais variados", opina o professor.
Além da maior facilidade de produção, Eduardo Vicente escala a longevidade como uma das principais vantagens do meio de comunicação. Em meio à efemeridade das redes sociais, o professor aponta que episódios de podcasts podem ser atemporais e não demandam um consumo imediato.
"Nas redes sociais, há a ideia de que as imagens se sobrepõem umas às outras. Se a pessoa demorou algumas horas para receber aquilo, já vieram outras coisas na frente", diz.
"O podcast tem outro ritmo, uma perenidade maior. Ele não precisa ser ouvido no instante, não precisa ser tão curtos. Tem episódios com três horas de duração, a pessoa ouve aos poucos, nos momentos livres. Propicia um outro espaço de comunicação, uma outra velocidade de recepção", complementa.
A "roda de conversa" é o estilo predominante entre os podcasts apresentados por influenciadores e artistas. No entanto, o excesso de produções do tipo faz com que o formato corra o risco de se desgastar.
Como tentativa de inovação, alguns criadores passaram a disponibilizar entrevistas em vídeo e adotaram uma plateia nas gravações --como o PodCats, de Camila Loures e Lucas Guimarães.
Eduardo Vicente acredita que o desenvolvimento de gêneros narrativos ou ficcionais poderia trazer uma nova face para as produções. Contudo, o modelo requer um maior investimento financeiro e técnico.
"Formatos que são mais complexos exigem outra abordagem, mais tempo e investimento de produção. A falta desse tipo de produção pode tornar o formato mais monótono e pode desgastá-lo no Brasil", ressalta.
Além disso, Vicente alerta para que as produções não se tornem um veículo de desinformações. Ele reconhece que não existe uma fórmula mágica para evitar as fake news nos diferentes setores do mundo virtual. Porém, cuidados éticos podem ser tomados para que a qualidade da produção seja mantida.
"Como é uma mídia que, hoje, influencia pessoas, ele pode ser usado por diferentes razões. Os cuidados são os de sempre: tentar ter produções mais éticas, mais responsáveis, que tragam uma informação muito melhor verificada para combater a desinformação", lista.
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