Ex-galã, ator que enciumou Roberto Carlos vira psicólogo e cuida de idosos

Nos anos 1970 e 1980, Paulo Castelli conquistou as telespectadoras com seu visual de galã e arrasou o coração de várias mocinhas de novelas _duas delas interpretadas por Myrian Rios, ex-mulher de Roberto Carlos, que morria de ciúmes, segundo as fofocas da época, amparadas na letra de uma música do cantor.

Longe da TV desde 1990, o ator é casado, tem três filhas e hoje leva uma vida profissional totalmente diferente. Aos 60 anos, Castelli é mais conhecido como o doutor Paulo Greven (seu segundo sobrenome), psicólogo que dá consultas e gerencia um hotel para idosos em Alphaville, na Grande São Paulo.

O ator conta que começou a estudar psicologia como um hobby e foi se interessando cada vez mais pelo assunto. Em 1991, entrou para a faculdade e aos poucos foi deixando a carreira na televisão e no teatro para trás.

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"Fui fazendo essa mudança muito devagar. [Quando morava no Rio de Janeiro e ainda trabalhava como ator] Um amigo precisava de um sócio no consultório dele. Eu não era psicólogo mas comecei a me envolver, me interessar, fazer cursos. Numa certa altura, decidi fazer do hobby meu trabalho mesmo. Resolvi ficar mesmo só com a psicologia porque estava difícil lidar com as duas coisas ao mesmo tempo, como ator e psicólogo", explica.

Em 1998, Castelli abriu com a família o Solar Ville Garaude, um hotel para idosos em Alphaville. A ideia é que pessoas da terceira idade se ocupem com diversas atividades, como aulas de inglês, meditação, atualidades e costura. Castelli deixa claro que não se trata de um asilo.

"Pensei [no trabalho com idosos] como um nicho interessante para a psicologia e também como um mercado em ascensão. Existe aí um movimento de ocupar um espaço muito mal ocupado no Brasil, o idoso não é bem tratado aqui. A gente não é de forma alguma uma casa de repouso, é uma casa de atividades. As pessoas chegam muitas vezes deprimidas ou solitárias, e aqui a gente busca criar relacionamento social, melhorar o ânimo", conta.  

reprodução/TV Globo

Myrian Rios e Paulo Castelli em cena da novela Bambolê, que estreou em setembro de 1987

Galã dos anos 1980
Castelli afirma que usa muito do seu conhecimento como ator e profissional de entretenimento no trabalho como psicólogo, para alegrar e lidar com as emoções dos pacientes. Sua última novela foi Kananga do Japão (1989), da Manchete, mas antes ele teve muito sucesso na carreira como mocinho de tramas da Globo.

Há 30 anos, em setembro de 1987, Castelli se destacou como o Luís Fernando de Bambolê, em que formava casal com Myrian Rios. Os dois já haviam feito outro par romântico de muita repercussão em Ti Ti Ti (1985): Castelli vivia o mulherengo Pedro, que se envolvia com a inocente Gabriela (na segunda versão, de 2010, os personagens foram interpretados por Marco Pigossi e Carolina Oliveira).

Na época, o público começou a acreditar que havia algo a mais entre Castelli e Myrian, então casada com Roberto Carlos. O psicólogo, no entanto, nega tudo e se diverte ao relembrar a situação.

"Tinha essa fofoca. O Roberto Carlos fez até uma música [chamada A Atriz, de 1985] em que falava que chegava em casa e ela estava beijando outro [na TV]. Mas nossa relação era de amizade, eu já estava casado na época. Nós quatro às vezes saíamos pra jantar depois da gravação, nunca teve nenhum problema. Isso era alimentado pra ter notícia, mas verdadeiramente éramos amigos", esclarece.

O ator e psicólogo conta que até chegou a conversar com a Globo para participações em novelas após o encerramento de seu contrato, mas as negociações não andaram porque hoje sua prioridade é o hotel para idosos, do qual ele não pode se afastar durante muito tempo.

"Se pudesse ficar alguns dias, fazer uma coisa pequena, seria uma delícia, um prazer. Uma coisa que eu pudesse fugir daqui durante uma semana seria ótimo (risos). [Gostaria de] matar a saudade da carreira de ator", afirma. Enquanto a TV não ressurge no horizonte, Castelli alimenta o projeto de abrir uma nova unidade de seu hotel.