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BIENAL DO LIVRO DO RJ

Dupla profissão e racismo: Lázaro Ramos relembra luta incansável antes da fama

REPRODUÇÃO/YOUTUBE

Lázaro Ramos na Bienal do Livro do Rio de Janeiro

Lázaro Ramos na Bienal do Livro do Rio de Janeiro: ator e escritor participou de roda de conversa

IVES FERRO

ives@noticiasdatv.com

Publicado em 22/6/2025 - 15h27

Lázaro Ramos relembrou os desafios que enfrentou no início da carreira e falou sobre saúde mental, racismo e coletividade durante uma roda de conversa na Bienal do Livro do Rio de Janeiro. Ao lado da cantora e atriz Gabz, o ator e escritor destacou a importância do autoconhecimento e da força coletiva para quem deseja construir uma trajetória artística em um país ainda desigual.

"Há alguns anos eu sempre dizia: tenha duas profissões. Porque foi o que eu fiz, como muitos de nós fizeram ao longo da trajetória. Eu trabalhava no hospital e fazia teatro", contou ele no painel, do qual o Notícias da TVparticipou.

"Mas entendi que, dentro dessa coletividade, você precisa se desenvolver. O que você tem de mais forte é o autoconhecimento. Uma assinatura. Concordo muito com a força coletiva, conhecer a história de quem veio antes de você, mas também ter sua assinatura para se destacar", acrescentou o artista, que começou a carreira no Bando de Teatro Olodum, na Bahia.

Lázaro também revelou que passou por um processo de adoecimento emocional no ano anterior, após um período de intensa carga de trabalho e por absorver as dores alheias, principalmente as que atingem a população negra.

"Uma das coisas que me fez adoecer no ano passado foi porque estava ouvindo os problemas das pessoas, do mundo, e eu processava como se fosse comigo. Eu tinha sensações físicas, mentais, pensamento… Não conseguia distinguir um pensamento do outro. Eram quatro coisas ao mesmo tempo. Até que uma hora o meu corpo parou e eu me vi adoecido. O fantasma me pegou", desabafou.

Apesar das dificuldades, o ator afirmou que hoje se sente no lugar em que sempre deveria estar. "Teve um momento que era assim, mas depois desse momento a gente tem que botar nossa cara no sol. Olho muito para a geração de vocês. Aprendo também com minha filha, Maria Antonia. Essas crianças ensinam muito. Tenho histórias dela", disse.

Em uma delas, durante a pandemia, Lázaro se emocionou com uma lição de felicidade da filha. "Ela estava pulando em cima do sofá insistentemente, e eu disse para ela parar porque quebraria um dente, mas ela continuava. Na quinta vez eu perguntei por que ela continuava. Ela me respondeu: 'Pai, você fica encontrando motivo para ser triste, eu fico encontrando motivo para ser feliz'", relatou ele.

Gabz também compartilhou sua experiência ao encontrar um caminho artístico fora das rotas tradicionais. "Fui atriz mirim, mas me encontrei como artista só quando fui para a rua. Estava em um caminho mais fácil de gerar renda, mas só me encontrei como artista quando fui fazer poesia de slam. O hip hop trabalha muito com a coletividade", declarou a atriz.

"Eu ainda acho o audiovisual e o teatro elitizados. Quando não pertencemos àquilo, nosso corpo responde", criticou a protagonista de Mania de Você (2023). A artista defendeu a força dos grupos: "Se junte com a galera que quer fazer arte. Vai junto, porque assim você se potencializa e cria novos caminhos".


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