Vida pós-Chacrinha
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Mais de 500 chacretes passaram pelos palcos dos programas de Abelardo Barbosa (centro)
REDAÇÃO
Publicado em 31/3/2017 - 5h23
Miriam Cassino continuou a carreira como dançarina e hoje dá aulas no Rio Grande do Sul
Elas foram símbolos sexuais de várias gerações e desafiaram a tradicional família brasileira usando trajes curtos e cavados na TV em plena Ditadura Militar (1964-1985). Ao longo de três décadas, mais de 500 chacretes participaram dos programas de Abelardo Barbosa (1917-1988). O último deles, o Cassino do Chacrinha, estreava na Globo há 35 anos.
Após a morte de Chacrinha, elas entraram em decadência e desapareceram da TV. Muitas investiram em outras profissões, e as que insistiram na carreira artística enfrentam desafios até hoje para se sustentarem.
Rita Cadillac, de longe a mais famosa de todas, chegou a fazer sucesso como cantora, mas enfrentou dificuldades financeiras e teve de atuar em filmes pornôs. Sueli Pingo de Ouro também seguiu a carreira musical, mas foi para outro gênero: nos bailes de arrocha, ela é conhecida domo Rainha da Pisadinha.
Já suas colegas Gracinha Copacabana e Beth Boné, por exemplo, se afastaram totalmente da televisão e da fama. Gracinha descobriu a paixão por animais: vive com seus cachorros e trabalha em um pet shop. Beth, por sua vez, deixou as saias justinhas no passado e celebra cultos evangélicos com seu marido.
Veja o que fizeram e como estão hoje dez chacretes:
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Rita Cadillac lançou carreira musical nos anos 1980 e, na década de 2000, fez filmes pornôs
Rita Cadillac
A dançarina se destacou tanto nos programas de Chacrinha que foi convidada a gravar músicas sensuais. Em 1984, lançou o compacto É Bom para o Moral e, de tantos shows que fez em penitenciárias, ficou conhecida como a Rainha dos Detentos. Rita também trabalhou como atriz pornô em oito filmes e participou da sexta temporada do reality show A Fazenda (2013), na Record. Ela continua cantando e se apresentando em eventos de nostalgia dos anos 1980: no Carnaval de Salvador deste ano, participou de um trio elétrico em homenagem a Chacrinha e Elke Maravilha (1945-2016).
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Sueli Pingo de Ouro continuou a carreira artística, mas como cantora de arrocha
Sueli Pingo de Ouro
Quando foi chacrete, Sueli Pingo de Ouro teve uma paixão platônica pelo cantor Guilherme Arantes, que frequentava o Cassino do Chacrinha. Anos depois, ela mesma se lançou como cantora e até hoje faz shows de arrocha, em bailes e bares da periferia e do interior. Sueli Pingo de Ouro hoje é conhecida na noite como a Rainha da Pisadinha. Arrocha é um gênero musical predominantemente nordestino que mistura forró com sertanejo, brega romântico...
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A ex-chacrete Gracinha Copacabana abandonou os palcos para se dedicar aos animais
Gracinha Copacabana
Após o fim do Cassino de Chacrinha, Gracinha Copacabana descobriu que sua verdadeira paixão não era a dança, mas sim o convívio com os animais. Ela trabalha em um pet shop no Rio de Janeiro e vive sozinha com seus dez cachorros. Guarda em casa as cinzas de seus cachorros que já morreram e conversa com seus espíritos.
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Beth Boné deixou os trajes de chacrete nos anos 1980 e hoje ministra cultos evangélicos
Beth Boné
A ex-chacrete Beth Boné deu uma guinada brusca. Ela sofreu de uma doença na perna e acredita que foi curada por Jesus. A fé de Beth foi aumentando a cada ano. Ela seguiu os passos do marido e virou pastora _os dois celebram cultos evangélicos em casa. Em entrevista ao documentário As Chacretes (2010), do Canal Brasil, Beth contou que ainda guarda uma caixa com reportagens e fotos da época de chacrete e disse que não se arrepende de nada, apenas amadureceu e deixou essa fase para trás.
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Apaixonada por um traficante de drogas, Índia Potira chegou a ser presa três vezes
Índia Potira
Aos 14 anos, Índia Potira já era casada e mãe, mas sonhava em ser dançarina. Ela trabalhou durante oito anos como chacrete e afirmou, no documentário Alô, Alô, Terezinha (2009), que muitas de suas colegas se prostituíam e cheiravam cocaína com os artistas.
A própria Índia teve sérios problemas com drogas: se envolveu com um traficante e foi presa três vezes, uma delas acusada de facilitar a fuga de 11 detentos. Solta em 1998, passou a trabalhar como auxiliar de serviços gerais. Em 2013, fez uma participação em Amor à Vida como amiga da personagem Márcia (Elizabeth Savalla), que interpretava uma ex-chacrete na trama.
Divulgação
Vera Furacão nos anos 1970 e atualmente, com um boneco de Chacrinha na mão
Vera Furacão
Vera foi escolhida a dedo por Chacrinha, mas teve que deixar o programa precocemente porque ficou grávida. No documentário Alô, Alô, Terezinha (2009), Vera afirmou que teve um caso com Silvio Santos em 1971, mas terminou o romance ao descobrir que o apresentador saía também com outras duas chacretes. Após dar à luz, Vera foi trabalhar em um hospital como instrumentadora. Se apaixonou por um médico homossexual e nutriu durante décadas um amor platônico por ele.
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Depois de ser chacrete, Fátima Boaviagem passou a trabalhar como faxineira e cozinheira
Fátima Boaviagem
Fátima Boaviagem até tentou seguir carreira artística após a temporada com Chacrinha. Ela foi dançarina do Clube do Bolinha (1974-1994), mas não se adaptou. Ficou noiva de um homem extremamente ciumento, que colocou fogo em todas as suas fotos e memórias de chacrete após o fim do relacionamento. Fátima teve um filho e, sem perspectivas de carreira na TV, passou a trabalhar como faxineira, cuidadora de animais e cozinheira.
reprodução/Youtube
Nostálgica, Sarita Catatau quer escrever livro sobre seus anos de trabalho como chacrete
Sarita Catatau
Com apelido por causa de sua baixa estatura, Sarita Catatau se tornou ativista e defensora do meio ambiente após deixar os trajes de chacrete. Ela virou ecologista e morou em locais de grande conservação natural, como Bonito, em Mato Grosso do Sul, e em uma casa de pau a pique na praia de Canoa Quebrada, na cidade de Aracati, Ceará. Hoje, mora em Santos, litoral de São Paulo, e planeja escrever um livro sobre sua vida de chacrete.
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Sandra Pérola Negra ainda guarda plumas e adereços de sua época de chacrete
Sandra Pérola Negra
Sandra Pérola Negra sente saudades das botas e dos colants que usava como chacrete, mas hoje seu uniforme de trabalho é muito mais casual. Ela trabalha como vendedora de empadinhas no bairro do Méier, zona norte do Rio de Janeiro, e ganha até R$ 1.500 por mês. Em entrevista ao extinto programa Tá na Tela (2014), da Band, ela também afirmou que as chacretes faziam programa e usavam drogas nos bastidores da TV.
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Miriam Cassino continuou a carreira como dançarina e hoje dá aulas no Rio Grande do Sul
Miriam Cassino
De todas as chacretes, Miriam Cassino é uma das poucas que seguiram carreira como bailarina. Ela chegou a ser tricampeã sulamericana de hip-hop e trabalha como professora de dança. Em Porto Alegre, onde mora, Miriam se promove como ex-chacrete em aulas especiais e também ensina a modalidade zumba em resorts.
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