KARLA TENÓRIO
REPRODUÇÃO/INSTAGRAM
Karla Tenório em foto publicada no Instagram; atriz falou sobre escolhas de vida
Mãe de uma menina de dez anos, Karla Tenório se arrepende da maternidade e relata sua experiência em uma página criada nas redes sociais. "As pessoas podem até reclamar um pouco de serem mães, mas você dizer conscientemente que se você pudesse voltar atrás, não teria tido...", confessou a atriz de novelas da Globo e da Record.
Fora da TV desde a novela bíblica O Rico e o Lázaro (2017), Karla alimenta a página Mãe Arrependida no Instagram, na qual conta sua trajetória de autoconhecimento e rejeição ao fato de ser mãe. Apesar disso, a artista diz que ama sua filha, Flor.
Ela decidiu engravidar aos 28 anos, quando estava casada há três. "Eu me casei e estava fazendo novela quando, em uma viagem para a Índia, durante uma meditação, senti que queria ficar grávida", começou ela em entrevista à revista Marie Claire.
"Eu falo desse jeito e parece algo irônico, porque até hoje eu não sei se foi algo divino, se estava no meu caminho, ou se foi fruto da maternidade compulsória, que estava me dominando e criando uma história psicológica pra que eu fosse como a maioria das mulheres. Acho, no fundo, que tem um pouco dos dois", explicou.
"A gravidez, em si, foi incrível, e eu fui construindo aquela ideia de mãe divina, maravilhosa, guerreira. Parece chocante dizer assim, mas quando a cabeça [de Flor] saiu [do útero], eu entendi que não seria nada daquilo. Como eu estava imersa em muitos sentimentos, me acalmei, pensei que depois tudo seria mais tranquilo", relembrou.
"Eu tinha me preparado, tinha lido vários livros, mas nenhum deles me dizia que seria péssimo, em especial o baque psicológico, hormonal e físico. Foi quando me perguntei se todo mundo sentia isso, ou se era só eu", lamentou a intérprete de Priscila na novela A Regra do Jogo (2016), da Globo.
"A sensação era de que só eu era uma mãe arrependida. Eu fazia um grande julgamento comigo mesma. Dentro da minha percepção, esse era o maior pecado de todos. As pessoas podem até reclamar um pouco de serem mães, mas você dizer conscientemente que se você pudesse voltar atrás, não teria tido... Eu ficava muito mal", confessou.
Após o nascimento de Flor, Karla Tenório desenvolveu psicose pós-parto (conhecida também como psicose puerperal), uma forma ainda mais grave do que a depressão pós-parto e que aparece duas semanas após a mulher dar à luz.
"Existe pouquíssimas especialistas em psicose pós-parto, mas eu tive a sorte de ter um bom acompanhamento desde o início. Os sintomas incluem perda de memória, lapsos no tempo, amamentar sem a criança estar no colo, até evoluir a ponto de chegar a um infanticídio", elencou ela.
Apesar do arrependimento e dos questionamentos, a atriz conseguiu construir uma relação de afeto com Flor aos poucos. "Eu separo muito bem o fato de eu não gostar de ser mãe do amor que eu sinto pela criatura, pela filha e a relação que construímos, que é incrível, mas poderia não ter sido incrível. Eu poderia não ter dado essa volta por cima, como muitas vezes acontece, o que acaba gerando negligência, maus tratos", revelou.
"Eu lembro que era muito ambíguo logo no início, eu não me permitia não amar, mas eu jamais amava. Eu fui amar, sinceramente, quando ela já tinha quase um ano. Lembro que isso foi muito marcante. O que eu mais sentia quando olhava pra ela, era culpa. Não teve ódio ou qualquer coisa assim. Era culpa e muita solidão", avaliou.
"Com o tempo tive uma perspectiva maior, e uma frustração mais branda. É triste? É, mas as fases vão mudando", finalizou.
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