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ELLEN CAMP

Atriz novata dá pontapé na carreira em filme de Hollywood sem saber inglês

REPRODUÇÃO/INSTAGRAM

Ellen Camp no Instagram

Ellen Camp no Instagram; atriz estreou no filme Meu Amigo Pinguim e começou carreira nos EUA

GIULIANNA MUNERATTO

giulianna@noticiasdatv.com

Publicado em 15/9/2024 - 12h00

De Minas Gerais diretamente para Hollywood: a atriz Ellen Camp tinha o sonho de seguir carreira artística há anos. Mas, sem o apoio da família, passou por diversos percalços antes de alcançar seu grande objetivo. Depois de se aventurar por São Paulo, se formar e receber uma exorbitante quantidade de "nãos", o grande sim veio a mais de 9 mil quilômetros da capital paulista: em Los Angeles, onde ela foi chamada para fazer parte do elenco de um filme internacional que abriu mais portas do que poderia imaginar.

O grande sonho de fazer cinema surgiu aos 14 anos, quando assistiu pela primeira vez a O Pianista (2002). "Aquele filme me tocou profundamente. Foi uma transformação na minha vida. Eu lembro como se fosse hoje, eu assistindo e dizendo: 'Eu quero fazer isso. Eu quero impactar'", contou ela em entrevista exclusiva ao Notícias da TV.

No entanto, ser atriz não era uma possibilidade dentro da sua realidade. "Era um sonho muito distante, uma coisa impossível. Aí, as pessoas sempre falavam que eu era bonita e que devia trabalhar como modelo, e eu pensei que poderia ser uma oportunidade de mostrar para a minha família que eu poderia conquistar minha liberdade por meio do trabalho", relatou. "Aos 18 anos, fiquei três meses em São Paulo para a Semana de Moda, mas foi um desastre."

Eu tive certeza absoluta de que não queria aquilo para a minha vida. Pude ver e viver coisas com as quais eu não concordava, e foi o estopim para voltar para Minas Gerais. Então, fui atrás de cursos gratuitos, pois eu queria virar atriz.

Aos 19, Ellen decidiu se mudar de vez para São Paulo para cursar o Célia Helena, centro de artes conhecido por cursos na área. A morte de seu pai foi o estopim para escolher esse caminho, que sempre pareceu tão utópico.

"A gente tinha vários planos para realizar, e de repente, em dois meses, ele ficou muito doente e acabou falecendo. Quando ele morreu, me veio uma coragem muito grande de realizar os sonhos que não consegui realizar com ele. Eu não podia repetir o mesmo ciclo da vida dele", explicou.

Entretanto, ela teve que enfrentar a resistência da família, que não a ajudou com um centavo sequer por não acreditar que ela realmente conseguiria seguir carreira de atriz. Na capital paulista, ela implorou por uma bolsa na faculdade, dividiu república com mais de 20 pessoas e deixou centenas de currículos para trabalhar em qualquer lugar que a aceitasse.

Na faculdade, seus trabalhos como atriz foram apenas teatrais. O sonho dela, porém, era mesmo fazer cinema. "Não foi aquela coisa, que dá borboletas no estômago e aquece o coração. Eu sou apaixonada por cinema, e quando fiz teatro foi legal, só que não era exatamente o que eu queria", justificou.

Apenas seis meses após se formar, porém, ela arrematou a oportunidade que viraria sua vida de cabeça para baixo: Ellen passou no teste para o filme Meu Amigo Pinguim, que estreou na última quinta (12) nos cinemas brasileiros. "O meu primeiro filme ser internacional fez valer a pena ter recebido tantos 'nãos'. Foi um jeito maravilhoso de começar", confessou.

Ela, porém, se enfiou em Hollywood sem sequer saber inglês --mas nada a impediria de abraçar seu grande sonho. "Eu tinha um pouquinho de noção, sabia algumas coisas, mas não é uma língua que pratico muito. Então, quando tive a oportunidade de fazer o teste, contratei um professor particular para me ajudar a falar especificamente as falas que eu teria que apresentar", revelou.

"Quando eu passei, continuei estudando. O set tinha 13 nacionalidades diferentes, entre atores e equipe por trás das câmeras, então era tudo muito misturado, e eu fazia aula para poder entender todos esses sotaques", disse.

Em sua primeira chance no cinema, ela contracena com o francês Jean Reno e a mexicana Adriana Barraza --indicada ao Oscar por Babel (2006). "Eles são mestres da atuação, e eu estava com eles diariamente, mesmo que fosse um pouquinho. Foi fenomenal, uma aula diária de atuação." 

Vida de Dráuzio Varella

Depois de fazer parte de Meu Amigo Pinguim, Ellen Camp foi convidada para integrar o elenco de Por Um Fio, filme inspirado em um livro de Drauzio Varella. David Schurmann, o mesmo diretor de seu primeiro longa, está por trás das câmeras no novo projeto.

Ela sente que ganhou a chance de poder tocar o coração das pessoas --algo com o qual sempre sonhou. "Minha personagem, a Cláudia, é incrível. O filme se passa em duas idades --começa em meados de 1950, passa por 1970 e termina nos anos 1990. Foi a primeira vez que eu pude provar que, apesar da cara de novinha, eu posso ser uma mulher extremamente madura", celebrou.

A personagem é uma aluna de Varella, cuja avó está passando por um momento difícil e recebe ajuda do médico. Após alguns anos, ela volta como uma médica formada, e os papéis se invertem: é ela quem cuida do irmão do famoso especialista quando ele não está bem.

A atriz contracenou com Bruno Gagliasso e Romulo Estrela e disse que foi extremamente bem recebida por ambos. "É curioso porque, quando o Romulo começou a trabalhar, foi o Bruno quem ajudou e apoiou. E agora repetiu o ciclo, mas comigo", contou.

Futuro no Brasil e nos EUA

Depois de duas grandes oportunidades, Ellen Camp já tem planos pela frente: nos Estados Unidos, ela fará parte de um filme de guerra --o qual ela não pode dar muitos spoilers, mas está extremamente feliz. "Eu sou alucinada por filmes assim. É uma grande realização", acrescentou.

"Também estou fazendo um roteiro em inglês para um longa-metragem. Meu sonho é poder inspirar milhões e falar sobre questões que me tocam, seja a humanidade, natureza, animais, absolutamente tudo", complementou.


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