VERONICA DEBOM
REPRODUÇÃO/INSTAGRAM
Veronica Debom no Instagram; atriz é Carol em Body By Beth, série que traz lições por trás dos risos
Quando em 2024 o tão aclamado desfile da grife Victoria's Secret voltou com um enaltecimento da magreza extrema, Veronica Debom teve a certeza de que a série Body By Beth chegava ao público no momento certo. A produção nacional, no ar na TNT e na Max, usa o humor como artifício para desafiar a romantização dos padrões de beleza.
A comédia acompanha Beth (Marisa Orth), uma antiga lenda das academias do Rio de Janeiro, seu ex-marido Ricardo Manuel (Diogo Vilela), e os filhos do casal, Carol (Veronica) e Daniel (Victor Lamoglia). Eles tentam salvar a academia da família de ser totalmente derrubada por um estabelecimento mais tecnológico que chegou à vizinhança.
Na série, Carol é uma intelectual, que bate de frente com a ditadura da magreza, e não quer se encaixar em padrões inatingíveis --assim como a própria Veronica. "Quando eu fui fazer o teste, eu falei: 'Cara, essa é a minha história'. Eu sinto que pode ser a história de muitas mulheres. Minha mãe só não era dona de academia, mas sempre teve essa pressão. Quando eu era jovem e ela tinha dinheiro, ela perguntava se eu não queria fazer uma lipo", dispara a atriz em entrevista exclusiva ao Notícias da TV.
"Eu me identifico com a Carol em todos os níveis. Ela é contra [a ditadura da magreza], mas não consegue não sofrer, né? Essas coisas têm um peso, consequências na vida dela, no trabalho, em relações", complementa.
"Ela luta ativamente contra isso, mas sofre muito. Eu acho difícil, a gente vivendo na cultura em que vive, uma mulher conseguir se aceitar plenamente, tenha ela o corpo que ela tiver. Seja ela magra, gorda, midsize, qualquer tamanho, a gente vive uma cultura que é construída para a mulher não aceitar como ela é e gastar muito dinheiro tentando ser outra coisa", analisa a atriz.
Veronica, que até usa suas redes sociais para conscientizar cada vez mais mulheres sobre a aceitação de seus corpos, admite que também já sofreu muito com a busca por padrões totalmente fora de sua realidade.
"Eu já fui maluca da cabeça! Ainda mais trabalhando em TV desde cedo... Isso dá uma piorada, porque a gente trabalha com a imagem, e ainda tem essa história de que a câmera engorda", observa.
Hoje em dia, não tenho mais paciência, não consigo me cobrar mais como eu me cobrava. Eu tenho uma generosidade comigo, um autoamor mesmo que eu desenvolvi com a idade, que eu não tinha quando era mais nova. Cheguei a passar meses tomando sopa de saquinho. Lembro de ir jantar na casa de uma amiga italiana, ela fez uma macarronada, todas as meninas comeram, e eu esquentei água e comi sopa.
"Era pesado, e até hoje eu sofro as consequências disso", confessa. "O que eu tenho é bem controlado, principalmente com relação à compulsão alimentar, mas eu vou lutando, até hoje isso é uma questão pra mim."
Com Body By Beth, a atriz acredita que será possível flexibilizar ainda mais o debate sobre corpos. "É mais do que uma reflexão fechada, é a possibilidade de a gente conversar. Muito se fala na internet sobre romantização da obesidade, quando se fala de uma cultura body positive, de aceitar seu corpo, quando, na verdade, existe uma romantização pesada da magreza", aponta.
"Às vezes, a pessoa está doentíssima, e as pessoas dizem: 'Nossa, nunca esteve tão linda'. Eu acho que é a primeira vez que eu vejo no audiovisual uma série que fala da romantização da magreza e não romantiza a magreza em si. É a primeira vez, que eu vejo pelo menos, que uma série brasileira coloca o dedo na ferida, expõe esse lugar. Isso levanta um debate muito saudável", arremata a atriz.
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