Assustada, Pocah dispensa uso de IA em música: 'Não quero ser referência disso'

Pocah admitiu que ficou perplexa com a decisão de sua gravadora em fazer um trecho de sua música com inteligência artificial. A cantora, que lançou seu primeiro álbum na terça, ressaltou que todas as suas novas canções são biográficas e não tiveram interferência de IA como na faixa Venenosa --parceria com MC GW e Triz.

Segundo a cantora, a medida foi adotada porque não havia tempo para uma regravação em estúdio acontecer. A música estava pronta, mas uma mudança de última hora no refrão --justamente a parte de Pocah--, fez a equipe recorrer à tecnologia. "Eu não quero ser referência disso, até porque essa é a única música que eu usei esse recurso", disse ela ao Notícias da TV.

"Meu álbum inteiro, por exemplo, é todo feito do zero, tudo verdades da minha vida, mas que a gente testou esse recurso aí em uma faixa. É algo novo que assusta a mim também. Mas que por um momento serviu para eu para fazer algo. Então eu não sou a pessoa que entende desse recurso", acrescentou.

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"E quando eu disse que foi feito, a música não foi feita com o IA. Nós compusemos a música. Ela inteira foi feita, escrita por mim e pelos meus amigos da Hitmaker. Mas apenas um trecho foi utilizado ali na interpretação. É algo novo, mas que eu não pretendo seguir utilizando", destacou.

Pocah lançou Cria de Caxias, seu primeiro álbum, depois de 14 anos de carreira. Ela explicou que o disco chegou no momento certo de sua fase profissional. Antes, ela fez uma transição de carreira de MC Pocahontas para o atual nome artístico --e, agora, sente que explorou musicalidades que sua voz nunca havia experimentado.

"Quando você é MC, lançar um álbum é muito caro, principalmente naquela época onde as pessoas já não estavam mais comprando CDs físicos e não existia as plataformas de streaming. As músicas e principalmente o funk, era muito pirateado", lamentou.

"Eu só fui de fato começar a produzir meu disco em 2021, mas foram surgindo imprevistos ao longo do caminho que hoje eu entendo que eram para acontecer. Eu só conseguiria lançar um disco como esse hoje, tendo passado por tudo que passei, vivido tudo que vivi. Esse disco está chegando na hora certa e do jeitinho que eu imaginei", celebrou.

Obra biográfica

Cria de Caxias narra a história de Viviane de Queiroz Pereira, nascida em Duque de Caxias, no Rio de Janeiro. O álbum é separado em três atos: o primeiro, MC Pocahontas, resgata suas raízes do funk; o segundo, Pocah, mostra a transição da cantora para o pop. Já o ato final, intitulado Viviane, explora uma versão sensível da artista.

Uma das faixas mais fortes do álbum é Livramento, composição de Pocah sobre um relacionamento abusivo que viveu. Ela destacou que a letra da canção é um alerta e também um acolhimento para mulheres que foram caladas. A cantora já relatou em entrevistas que sofreu risco de vida e quase ficou cega após inúmera agressões.

Infelizmente, não sou a única. Neste momento pode ter alguém sofrendo violência doméstica. Livramento é um agradecimento a Deus, por ter me dado esse livramento, por muitas das vezes eu achar que aquela noite ou aquele dia seriam o meu fim.

"Não sou a primeira nem a última a abordar esse assunto, mas acho importante expormos essas situações. Eu peguei tudo que eu tinha de vulnerabilidade e expus muito. Quando a gente coloca para fora a nossa vulnerabilidade, não nos sentimos fracos. Muito pelo contrário. Eu acho que isso também é um sinônimo de força", concluiu.