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FERNANDO GROSTEIN

Após deixar o Brasil por homofobia, irmão de Luciano Huck tem medo de ataques

REPRODUÇÃO/INSTAGRAM

Fernando Grostein Andrade nos EUA

Fernando Grostein Andrade nos EUA; irmão de Luciano Huck deixou o país após ataques homofóbicos

REDAÇÃO

redacao@noticiasdatv.com

Publicado em 8/10/2024 - 8h54

Irmão de Luciano Huck, Fernando Grostein Andrade saiu do Brasil em 2022 após sofrer ameaças anônimas por ter assumido a relação com o atual marido, Fernando Siqueira. O cineasta também foi alvo de ódio nas redes sociais pelas críticas ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Ele confessou que, atualmente, vive constantemente com uma sensação de medo --e tenta transmitir por meio de sua arte o quão doloroso foi deixar a família e amigos para trás.

O diretor lançou um longa-metragem experimental chamado Necklace (Entrelaços) para tentar aproximar o público de suas vivências enquanto pessoa LGBTQIA+. Na produção, eles viajam pela Bahia, Rio de Janeiro e Utah enquanto Grostein enfrenta um grande trauma e o companheiro o ajuda através da música.

"Muita gente achou que era exagero [sair do país na época]. Houve quem minimizasse a gravidade da situação, quem dissesse que estávamos exagerando ou fugindo à toa. Esse tipo de reação é doloroso porque invalida a nossa experiência e o medo real que estávamos enfrentando", relatou em entrevista à revista Quem.

"Acredito que o filme consegue transmitir um pouco dessa dor, dessa sensação de impotência que vivemos. Espero que as pessoas, ao assistirem, possam entender um pouco mais sobre o que é viver sob ameaça e como isso impacta profundamente a vida de alguém. Nossa intenção é não só contar a nossa história, mas também abrir um diálogo sobre o medo, a dor e a saúde mental", acrescentou.

Atualmente, ele ainda convive diretamente com medo de que algo aconteça apenas por viver um relacionamento com outro homem. "As cicatrizes são principalmente emocionais. Vivemos em um estado de alerta constante. Mesmo agora, morando na Califórnia, essa sensação de insegurança ainda nos acompanha", confessou.

"Lembro de um momento em que estávamos filmando uma militante da Ku Klux Klan e logo depois recebemos uma ameaça de tiro. Isso só reforça a ideia de que a violência está em toda parte, e vivemos em uma época marcada pela epidemia de ódio. O medo não desaparece, ele apenas muda de forma. Hoje, o que mais me preocupa é a segurança das pessoas que amo e continuar trabalhando com direitos humanos sabendo dos riscos que isso traz", afirmou.

O filme, que estreia na quarta (9) no Festival do Rio, nasceu de um momento doloroso, mas foi uma forma de exorcizar os sentimentos negativos. "Reviver essas memórias ao fazer o filme trouxe à tona sentimentos que já estavam, de certa forma, adormecidos, mas também nos deu a oportunidade de elaborar essa dor através da arte", elaborou.

"Ao expressarmos isso no filme e nas músicas, sentimos que estávamos ressignificando aquela experiência, tornando-a algo mais suportável e, talvez, até mais compreensível para os outros", destacou.

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