ORGULHO LGBTQIA+
BOB PAULINO/TV GLOBO
Milton Cunha no Upfront da Globo; carnavalesco fez discurso histórico sobre a comunidade LGBT
Na cobertura do Carnaval na Globo, Milton Cunha fez um discurso forte sobre a comunidade LGBTQIA+ que vai ficar marcado na história da TV brasileira. Durante desfile da Paraíso do Tuiutí, que homenageou Xica Manicombo, a primeira mulher trans documentada no Brasil, ele agradeceu à escola por dar visibilidade à causa e fez um apelo contra o assassinato de pessoas LGBTQIA+. "Parem de nos matar!", clamou.
"Eu, do meu lugar de fala, tiro o chapéu para escolas de samba como Tuiutí, tiro o chapéu para o presidente [Renato] Thor, por ter coragem de nos trazer, nós LGBTQIAP+, excluídos, apontados, assassinados, para esse lugar de visibilidade, que é a Marquês de Sapucaí", iniciou o carnavalesco.
Ele também agradeceu à Globo por ter o colocado em destaque nas telas. "Obrigado, TV Globo, por me contratar. Eu, uma maricona velha, assumida, idosa, estou aqui, falando! Viva todos os seres humanos!" celebrou.
Na sequência, Milton Cunha fez um apelo importante contra a violência. "Parem de nos matar! O Brasil é o país que mais nos mata no mundo. É dramático, é veemente cada dedo que nos aponta, cada olhar...", lamentou ele.
"Nós somos crianças espancadas, crianças julgadas, jogadas para escanteio. A gente não pode ir na sala, porque os vizinhos, os juízes, os diretores de colégio, os padres, todo mundo odeia a gente", disparou ele.
"Que venha Tuiutí, que venha Xica Manicombo nos representar e dizer: nós somos seres humanos, nós merecemos todo o respeito do mundo. Viva a tolerância! Viva a democracia! Viva a fraternidade! Viva o humanismo!", finalizou ele.
Assista ao discurso na íntegra:
No Carnaval do Rio de Janeiro, a Paraíso do Tuiutí colocou 28 pessoas trans na avenida. Com o enredo "Quem tem medo de Xica Manicongo", desenvolvido pelo carnavalesco Jack Vasconcelos, a escola explorou a chegada do ícone trans ao Brasil, onde foi escravizada, e sua luta por identidade e liberdade.
O tema foi inédito no grupo especial do Rio de Janeiro. "Acho que no momento em que o mundo tenta virar as suas lentes e se posicionar contra direitos dessa população, o carnaval traz para a avenida esse enredo", afirmou a deputada Erika Hilton, que desfilou pela escola, ao G1.
"Dizendo: 'Nós existimos, nós sempre renascemos da fumaça, como canta o enredo, nós simbolizamos a resistência por dignidade, por cidadania, por democracia, porque não há democracia enquanto o Brasil seguir sendo o primeiro que ainda mata por puro ódio e preconceito essa população", complementou.
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