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REPRODUÇÃO/AGNEWS
Alessandra Negrini fantasiada de índia durante o Carnaval em SP, neste ano; atriz falou sobre polêmica
REDAÇÃO
Publicado em 2/3/2020 - 16h22
Alessandra Negrini rebateu as críticas recebidas por ter se fantasiado de índio durante o Carnaval de São Paulo. Em uma postagem feita nesta segunda (2), a atriz declarou que o objetivo era dar voz à comunidade indígena e chamar a atenção para o que está acontecendo com os povos nativos. "Se o meu gesto carnavalesco moveu algum ar para além de mim, fico satisfeita", declarou a rainha do bloco Acadêmicos do Baixo Augusta.
Em fevereiro, a atriz foi duramente criticada por ter desfilado com trajes típicos de índio, além de estar com o corpo pintado. Na ocasião, ela surgiu ao lado de indígenas como a representante da Apib (Articulação dos Povos Indígenas do Brasil) Sonia Guajajara, Benício Pitaguary e Célia Xakriabá.
No Instagram, Alessandra ressaltou que está feliz por ter levantado tanto debate a respeito da cultura indígena. "Carnaval é cultura e cultura é resistência. Carnaval é alegria e alegria é resistência. Trata-se de saber quem somos nós diante da nossa brasilidade, até onde somos brancos, negros, indígenas e até onde somos livres e capazes de nos identificarmos uns com os outros?", questionou a atriz.
A rainha do Acadêmicos do Baixo Augusta explicou que seu corpo foi pintado por um amigo aborígene e refletiu sobre lugar de fala. "[É preciso] Entender por que a luta indígena parece ser algo que não nos diz respeito apesar de termos aprendido na escola que somos um povo miscigenado e que nas nossas veias corre sangue indígena?", perguntou.
A mãe de Antonio Benicio também declarou que a divisão ideológica enfrentada pelo Brasil nos últimos tempos passou a importar mais do que a realidade, e que as lutas sociais se tornaram apenas "lacração de internet".
"As palavras de ordem/hashtags passaram a ditar o que devemos pensar segundo as bolhas às quais orgulhosamente pertencemos. Como podemos ficar calados quando só em 2019, 138 lideranças indígenas foram assassinadas? Não é o seu lugar de fala? Sinto muito, é o meu", desabafou.
"Como discutir apropriação cultural diante de um cenário de extermínio? Índio não é fantasia, mas se nada for feito, será em breve, porque só vai existir na imaginação dos seus netos. Precisava ir vestida de indígena pra protestar? Não, poderia ter ido ao Xingu, participado de alguma manifestação e postado para alguns amigos da bolha e você nem ia ficar sabendo", comparou a artista.
Alessandra Negrini terminou seu desabafo ao declarar que apenas se colocou no lugar do outro, o que seria empatia. "Continuo desempenhando meu papel de atriz, usando meu corpo como instrumento de trabalho, para que se apropriem dele através de suas tintas, fantasias, medos e paradoxos", finalizou.
Confira a publicação de Alessandra Negrini no Instagram:
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