Coleção de vaciladas no ar: Vale Tudo subestima público e dá show de furos

O remake de Vale Tudo sofre com a falta de fôlego, e a audiência em queda livre em diferentes praças do país deixa ainda mais claro o que o telespectador sente toda noite: a história parece subestimar a inteligência do público e desrespeita a lógica de uma narrativa atual. Além das incoerências no roteiro, várias falhas estão passando na edição, algo que não deveria acontecer e que transforma a saga em um ímã de problemas.

Na tentativa de atualizar o clássico de Gilberto Braga (1945-2021), Leonor Bassères (1926-2004) e Aguinaldo Silva, a autora Manuela Dias criou situações que não estão ajudando muito.

A história de Maria de Fátima (Bella Campos) não tem mais a força que tinha em 1988. O público mudou muito nas últimas décadas e está complicado engolir uma mãe tão inocente em relação à filha ladra. A vilãzinha, por sua vez, tem um comportamento tão superficial que incomoda. O eterno discurso de ficar rica dela já cansou.

A golpista fez as pazes com Raquel (Taís Araujo) só para enganá-la e roubá-la novamente, mas é horrível as duas ignorarem o fato de que a jovem deveria ter devolvido o dinheiro da venda da casa da família. Cheia de dívidas porque abriu um restaurante, a cozinheira vê a filha zanzar para lá e para cá sem questionar suas atitudes.

Em breve, mesmo depois de se tornar milionária com o roubo da mala de dólares que ela tanto fez para conseguir, Fátima vai decidir devolver a fortuna porque passará a apostar tudo no plano da conquista amorosa de Afonso (Humberto Carrão). Essa guinada não tem uma construção convincente: ela vai trocar o certo pelo duvidoso.

A protagonista Raquel, por sua vez, tem atitudes cegas demais para uma mulher madura e de princípios rígidos o que dá vontade de torcer para ela se ferrar. No fundo, a cozinheira acaba dando a impressão de passar pano para todas as armações da filha.

Do outro lado, Odete Roitman (Debora Bloch), que deveria ser a grande vilã, alterna discursos maquiavélicos e momentos "comercial de margarina" com os filhos mimados, em uma tentativa forçada de humanização.

No momento, a cereja do bolo é o arco de Solange (Alice Wegmann), que aceita uma proposta de trabalho na Europa caída do céu, sem levantar qualquer suspeita sobre as reais intenções por trás do convite. Isso é incompatível com a inteligência da personagem apresentada até então.

Para completar, as redes sociais amplificam deslizes que antes poderiam passar despercebidos. O remake tem enfrentado uma série de erros técnicos que alimentam um "buzz" negativo na internet.

Imagens do cenário de outro programa já invadiram a exibição da novela. Houve ainda uma troca mágica de objetos em cena, quando Odete toma água em um copo e, no corte seguinte, segura uma xícara de café.

Outro episódio gritante foi o da flor que mudou de espécie, quando Raquel jogou crisântemos no caixão de Rubinho (Julio Andrade), que se transformaram, em um passe de mágica, em uma rosa branca. E o que falar do vídeo gravado na vertical que virou horizontal, com Vasco (Thiago Martins) fazendo a reclamação que detonou a sua vida na última semana?

Leia também -> Resumo dos capítulos da novela Vale Tudo.

Vale Tudo foi exibida em 1988 e é um dos grandes sucessos da teledramaturgia brasileira. O remake da novela celebra os 60 anos da Globo. A autora Manuela Dias está responsável pela atualização da trama, e Paulo Silvestrini assina a direção artística.

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