FABIO ZAMBRONI
Divulgação/Bruno Nunes
Fabio Zambroni decidiu abrir a própria agência de gestão de carreira após mudanças no mercado
Fabio Zambroni trabalhou como diretor de elenco na Globo durante 18 anos. Nesse período, acompanhou de perto a mudança da empresa, que passou do banco extenso de atores fixos à opção por contratos por obra. Com a transformação do mercado, decidiu abrir a própria agência de gestão de carreiras e batalhar para que os artistas possam ir além do óbvio.
"No tempo que passei na Globo, eu sentia muita dificuldade para que os diretores das novelas e das séries enxergassem fora da caixinha na escalação. Se um ator deu certo em um tipo de papel, ele só é chamado para reviver esse tipo. Fica cansativo para o ator, para o público, para todo mundo", resume Zambroni em conversa com o Notícias da TV.
À frente da Zambroni Hub Produções Artísticas, ele tenta mudar essa visão engessada. "Eu sentia falta de um espaço em que os artistas pudessem ser vistos com mais calmas, mais escuta, mais qualidade e menos quantidade. Quero acompanhar de perto, entender a carreira e as possibilidades."
A agência quer ir além e não ficar esperando que os convites apareçam. "A ideia é ser propositiva também, conectar os projetos diretamente com o ator, em um lugar diferente do que todos estão acostumados. Podemos criar algo para um dos nossos atores fazer e oferecê-lo para as plataformas", cita.
Durante muitos anos, você só tinha ali a Globo, uma empresa mandando, então você ficava meio limitado de outras estratégias. Hoje, eu posso pensar em um ator que não tenha foco na TV aberta, porque tem nomes que bombam no streaming. Hoje, temos grandes atores que não querem mais fazer novela, conquistaram a liberdade de fazer escolhas. E o público também evoluiu, tem a autonomia de fazer a própria programação, ver o que quiser na hora que bem entender.
Zambroni valoriza a transformação da própria Globo, que passou a investir em diversidade e inclusão --atualmente, as três novelas têm protagonistas pretas. "É um avanço irreversível. Essa representatividade dos pretos, dos corpos trans, não vamos deixar de ter. Mas não vamos mudar tudo do dia para a noite, então precisamos ter calma, entender o limite da discussão e ir avançando ele aos poucos. Acho que não precisa nem adianta ser muito radical", aponta.
A representatividade se estende aos artistas associados à Zambroni Hub. "É muito importante para mim ter um casting diverso. E que não seja só no discurso, que seja uma realidade. Não é sobre montar uma inclusão bonita para postar no Instagram, tem que contar mais histórias", ressalta ele.
"Ainda tem muito chão pela frente, é uma conquista em processo. Mas vamos com paciência. A Globo chegou no momento de ter representatividade real nas telas, protagonistas pretas em todos os horários de novela, é uma conquista grande. E a arte também é uma questão política, que impacta toda a sociedade, isso não pode ser esquecido", crava.
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