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REI DO ROCK?

Filme da Tela Quente, Elvis omite informações cruciais para poupar o cantor

DIVULGAÇÃO/WARNER BROS.

Olivia DeJonge e Austin Butler em Elvis (2022); filme sobre o cantor é atração da Tela Quente

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VICTOR CIERRO VIEIRA

victor@noticiasdatv.com

Publicado em 26/5/2025 - 20h30

A Globo exibe o filme Elvis nesta segunda-feira (26), na Tela Quente, a partir das 22h25 (horário de Brasília). A cinebiografia dirigida por Baz Luhrmann até impressiona visualmente e recebeu oito indicações ao Oscar, mas escorrega ao retratar o protagonista como uma vítima. O longa evita temas espinhosos, como a relação tóxica com Priscilla Presley, e suaviza aspectos controversos da vida do rei do rock.

Lançado em 2022, Elvis foca na trajetória do cantor a partir da perspectiva de seu empresário, o coronel Tom Parker (1909-1997), interpretado por Tom Hanks, apontado como o principal vilão da história. O longa se dedica a mostrar o controle que o antagonista exercia sobre a carreira do astro, desde os lucros até as decisões mais íntimas.

Mas a escolha narrativa escancara o desejo de blindar o protagonista e evitar discussões mais sérias. Um dos temas ignorados é justamente o problemático relacionamento entre Elvis (1935-1977), vivido por Austin Butler, e Priscilla Presley (Olivia DeJonge).

Ela tinha apenas 14 anos quando conheceu o cantor, e o romance se desenvolveu em meio a uma dinâmica de poder desigual e abusiva. Nada disso ganha destaque na versão de Luhrmann, que opta por manter o astro em um pedestal, como um jovem ingênuo manipulado por terceiros.

Já o filme Priscilla (2023), dirigido por Sofia Coppola, faz o caminho oposto. Baseado no livro Elvis e Eu, escrito pela própria ex-mulher do cantor, o longa apresenta um retrato mais duro e realista da convivência do casal.

A produção acompanha a personagem desde o primeiro encontro com o cantor na Alemanha até o divórcio em 1972, revelando episódios de solidão, machismo e negligência.

A personagem vivida por Cailee Spaeny passa boa parte do filme tentando se adaptar a um relacionamento em que era constantemente desrespeitada. Enquanto Elvis (Jacob Elordi) vivia romances com celebridades e desfrutava da fama, Priscilla era mantida à margem, enfrentando desconfiança e traições em silêncio. O filme expõe a relação como um retrato de controle emocional e psicológico.

A abordagem de Priscilla joga luz sobre aspectos que Hollywood historicamente preferiu ignorar. Ao dar voz à ex-mulher do cantor, Sofia corrigiu uma distorção narrativa e mostrou que, por trás do ícone, havia também um homem com atitudes questionáveis --especialmente diante de uma jovem ainda em formação.

Enquanto isso, Elvis se contenta em repetir a fórmula do gênio incompreendido, vítima das circunstâncias e de gestores gananciosos. O resultado é uma cinebiografia que impressiona pela estética, mas decepciona por seu revisionismo e pela omissão de verdades importantes. Ao poupar o rei do rock, Luhrmann perde a chance de contar a história completa, o que também influenciou sua derrota nas oito categorias do Oscar.

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