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AOS 91 ANOS

Morre Orlando Miranda, fundador de teatro que recebeu Jô Soares e Dercy Gonçalves

REPRODUÇÃO/INSTAGRAM

Orlando Miranda em foto publicada pela Associação dos Produtores de Teatro (APTR) no Instagram

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REDAÇÃO

redacao@noticiasdatv.com

Publicado em 10/12/2024 - 9h18

Um dos pilares do teatro brasileiro, Orlando Miranda morreu aos 91 anos na noite de segunda (9). Ele foi um dos responsáveis por criar o Teatro Princesa Isabel, que virou um marco cultural no Rio de Janeiro --era um dos únicos localizados em Copacabana; a maioria dos teatros, até então, ficava na região de Cinelândia.

Dentre os artistas que se apresentaram no Princesa Isabel, destacam-se nomes como Jô Soares (1938-1922), Dercy Gonçalves (1907-2008), Marília Pêra (1943-2015), Paulo Gracindo (1911-1995) e Procópio Ferreira (1898-1979).

O teatro foi o grande projeto da vida do empresário, que se dedicava inteiramente a ele. Sem lucro o suficiente para contratar funcionários, ele vinha cuidando da portaria, da manutenção e da iluminação do teatro nas últimas décadas.

"Só não pego a limpeza porque não tenho mais condição. Em muitas ocasiões fico sem salário. Não deveria ter montado um teatro. Era ator, errei na minha vida", chegou a dizer ele, numa entrevista ao jornal O Globo, em 2017.

A morte do profissional foi confirmada pela Associação dos Produtores de Teatro (APTR). "Hoje nos despedimos do grande homem das artes Orlando Miranda. Nossos agradecimentos e todas as homenagens a esse ícone que ajudou a construir a história do Teatro Brasileiro. Nossos sentimentos à família e aos amigos de Orlando", consta num texto das redes sociais.

A Associação ressaltou a trajetória profissional do artista, que tinha mais de 65 anos de carreira. Formado na Escola de Teatro Martins Pena em 1959, ele fundou o Princesa Isabel em 1965, ao lado dos sócios Pernambuco de Oliveira e Pedro Veiga.

"Eu e meus sócios escrevíamos peças infantis. Pensamos em montar o teatro só para crianças, mas essa ideia era incipiente, porque o local não se sustentaria assim. No almoço de inauguração, toda classe teatral apareceu. Eram umas 400 pessoas, inclusive o Carlos Lacerda [1914-1977; governador do Rio de Janeiro à época]", declarou ele em 2017.

O teatro abrigou a peça Roda Viva, de Chico Buarque, e Trair e Coçar É Só Começar, de Marcos Caruso --que teve 704 apresentações. Em 2017, o cenário era menos glamuroso: o espaço recebia cerca de quatro peças por mês, a maioria com temporadas curtíssimas, que não chegam a 30 dias. As despesas de cerca de R$ 25 mil eram pagas principalmente devido à locação do espaço para academias de dança e de teatro.

O Princesa Isabel também chegou a funcionar como um QG para reunião da classe artística na época da Ditadura Militar (1964-1985). Miranda, que durante anos fez parte do Serviço Nacional de Teatro (1974-1981) e se tornou presidente do Instituto Nacional de Artes Cênicas (1981-1985), era uma espécie de mediador entre os artistas e a ditadura.

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