Ator denuncia truculência da ditadura e provoca: 'Preso com prazer e satisfação'

Tony Tornado voltou a denunciar a truculência da Ditadura Militar (1964-1985) durante o É de Casa deste sábado (19). Ele foi algemado após invadir uma apresentação de Elis Regina (1945-1982) para protestar contra o racismo. "Tenho muito orgulho de ser negro. Fui preso, mas com muito prazer, muita satisfação", contou.

O ator de 92 anos relembrou o Festival Internacional da Canção, em que a mãe de Maria Rita foi presidente do júri. Ele se empolgou ao ouvi-la cantar Black is Beautiful.

RIO GRANDE DO SUL

Resgate do cavalo Caramelo emociona Ana Maria Braga: 'Angústia danada'

ENCONTRO

Voluntário do RS repassa fake news ao vivo na Globo, e Patrícia Poeta desmente

"Para mim, foi o máximo, era a minha entrada. Não tinha a intenção de ficar famoso. Agi com o coração. Quando ela cantou: 'Quero um homem de cor', pensei: 'sou eu'. Subi ao palco, fiquei ao lado dela, ergui o braço e o punho E, claro, já desci com ele algemado", explicou.

Na época, o gesto era um dos símios dos Panteras Negras, organização revolucionária dos Estados Unidos que lutava contra o racismo estrutural.

"Apesar da truculência, eu tinha conseguido o meu intento, que era o esclarecimento geral, que o negro é lindo. Tenho muito orgulho de ser negro. Fui preso, mas com muito prazer, muita satisfação", concluiu ele.

Infância pobre

Tornado também relembrou a infância no Rio de Janeiro, para onde se mudou quando tinha onze anos. "O meu sonho era em uma grande metrópole, num grande movimento, onde a minha voz pudesse ser ouvida por mais gente", pontuou.

Morei na favela, no morro de São Diogo, atrás da Central do Brasil, já com 12 anos. Aí vendia bala, puxa, amendoim, figurinha no trem e corrida polícia, claro. E me apresentei para as pessoas que corriam atrás de mim: 'vim porque preciso que vocês me arrumem uma escola'.

O apelo do músico deu certo, e os agentes da lei conseguiram uma vaga para ele em uma escola da região.