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Análise | Último capítulo

Fracos e sem história, mocinhos desaparecem no final de Paraisópolis

Caio Castro e Maurício Destri em cena do último capítulo de I Love Paraisópolis -

Caio Castro e Maurício Destri em cena do último capítulo de I Love Paraisópolis

RAPHAEL SCIRE

Publicado em 6/11/2015 - 20h45

No início da última semana de I Love Paraisópolis, a trama das sete da Globo, Mari (Bruna Marquezine) se viu alvo de uma disputa medieval entre Ben (Maurício Destri) e Grego (Caio Castro). Os dois lutavam de armadura quando Ben era atingido no peito e caía no meio de um campo de futebol de terra batida. Era só um sonho de Mari, mas a cena ilustra o enfraquecimento do mocinho e crescimento do vilão na reta final da história encerrada nesta sexta (6).

Ainda que Marizete fosse a protagonista, o grande gancho do penúltimo para o último capítulo foi a dúvida se Margot aceitaria ou não o pedido de casamento de Grego, uma prova de que a mocinha da história também ficou de escanteio e o vilão, definitivamente, não convenceu e foi preciso ser regenerado.

Dado o carisma de Caio Castro junto ao público, Grego, aos poucos, foi ganhando mais contornos a ponto de seu final ser a grande surpresa do desfecho da novela. O bandido boa pinta foi preso, pagou rapidamente pelos seus crimes e teve direito à felicidade ao lado de Margot (foram deles as cenas mais emocionantes do último capítulo) e em paz com seu antagonista.

Muito embora a virada que ocorreu no capítulo 100 tenha indicado que o folhetim ainda tinha cartucho para queimar, a verdade é que o que veio depois mostrou a fragilidade da trama: o casal central, sem conflitos, perdeu força e foi preciso improvisar um novo vilão, já que Grego não cumpria mais tal função. O retorno de Dom Peppino (Lima Duarte) serviu para que Paraisópolis não perdesse o pouco fôlego que ainda restava.

E manter esse fôlego só foi possível graças ao enorme e talentoso esquadrão coadjuvante que a novela tinha à sua disposição. Nicette Bruno desde o início emocionou com sua Izabelita. Frank Menezes foi uma grata surpresa na pele do mordomo Júnior e mostrou o timing ideal para a comédia, em uma dobradinha das mais interessantes com Letícia Spiller (Soraya). Merecem destaque, ainda, José Dumont (Expedito), Ilana Kaplan (Silvéria), Eduardo Dussek (Armandinho) e André Loddi (Paletó).

Apesar de ter utilizado a favela de Paraisópolis como arena dramática, a trama idealizou a comunidade, com um colorido a mais que na vida real não existe. Longe de querer ser realista, I Love Paraisópolis, porém, tocou em feridas importantes para a discussão, como o racismo. Intolerância religiosa chegou a ser cogitada, mas o tema ficou engavetado.

Com Paraisópolis houve, ainda, a consolidação de dois nomes na televisão: Bruna Marquezine e Maria Casadevall trabalharam bem e estão prontas para desafios maiores. Caio Castro e Tatá Werneck, embora tenham encontrado o tom de seus personagens no decorrer da história, ainda mostram-se irregulares como intérpretes entre um trabalho e outro e precisam de mais preparo. Já a aposta em Maurício Destri como protagonista foi válida, apesar de o ator ter demonstrado que também necessita de mais experiência.

O último capítulo não fugiu à regra de toda novela: teve direito à punição dos vilões (Soraya melancólica foi um dos pontos altos), a casais exibindo sorrisos de orelha a orelha, a pedidos de casamento, a baby boom e até a merchandising.

De um modo geral, a novela conquistou espaço ao não deixar de lado a principal característica do horário: com humor bem pontuado e texto afiadíssimo, I Love Paraisópolis divertiu, mas sofreu por um prolongamento além do que sua história central aguentaria.


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