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Análise | Teledramaturgia

Com Eta Mundo Bom!, Globo prioriza audiência e deixa inovação de lado

Ramón Vasconcellos/TV Globo

Os atores Débora Nascimento e Eriberto Leão na novela das seis da globo, Eta Mundo Bom! - Ramón Vasconcellos/TV Globo

Os atores Débora Nascimento e Eriberto Leão na novela das seis da globo, Eta Mundo Bom!

RAPHAEL SCIRE

Publicado em 23/1/2016 - 6h39

Em época de crise econômica, com o mercado publicitário cada vez mais contido, a Globo parece não querer correr riscos. Em vez de novelas com ousadias estéticas e narrativas, a ordem da vez é não fugir do já conhecido feijão com arroz para recuperar a audiência, que míngua a cada ano. Isso explica muita coisa a respeito de Eta Mundo Bom!, a estreia da semana no horário das seis.

A primeira, sem dúvida, é a escalação de Walcyr Carrasco para assumir a titularidade da trama. Mais versátil de todos os autores da casa, Carrasco escreve para todos os horários, mas encontra às 18h um terreno fértil para seu texto simples, ingênuo e pueril, que beira à teatralidade, mas pisa fundo na emoção, sem medo de parecer meloso.

Em seguida, investir em uma trama interiorana, ainda que em partes ambientada na São Paulo da década de 1940, mas com forte sotaque caipira, é também uma maneira de resgatar o público que está fora dos grandes centros. Para isso, a novela conta ainda com personagens carismáticos, como o protagonista Candinho (Sérgio Guizé) e a jovem Mafalda (Camila Queiroz).

E a fórmula Walcyr Carrasco + trama caipira inegavelmente nos leva a um resultado já conhecido: uma mistura de diversas tramas suas, como O Cravo e A Rosa (2000), Chocolate com Pimenta (2003) e Alma Gêmea (2005), as duas últimas também dirigidas por Jorge Fernando _que desta vez resolveu investir numa fotografia diferente, mais bem trabalhada, e não abriu de sua marca registrada, a movimentação em cena. Por fim, a mensagem otimista da história, talvez seu maior diferencial, cai como uma luva nesse momento de pessimismo e desânimo generalizados que acometem o país.

Eta Mundo Bom! pode até não trazer frescor ao gênero, mas traz números e isso pôde ser constatado com a audiência da estreia: a maior do horário nos últimos cinco anos.

No mais, a primeira semana da novela foi marcada sobretudo pela agilidade. Em apenas um bloco do primeiro capítulo, Eta Mundo Bom! concluiu sua primeira fase, que serviu para contextualizar a história de Anastácia (Nathalia Dill/Eliane Giardini), obrigada pela família a abrir mão do filho recém-nascido. A situação folhetinesca, usada à exaustão nas novelas, guiará a busca da trama: o reencontro de Candinho com a mãe. A vilã platinada de Flavia Alessandra (Sandra), porém, fará de tudo para evitar que isso ocorra. Parênteses rápido: é nítida a semelhança da vilã da vez com Cristina, de Alma Gêmea, não por acaso também interpretada por Flávia.

O elenco compensa a sensação de déjà-vu. Marco Nanini tem a chance de mostrar diversas facetas como Pancrácio, um professor que ganha a vida aplicando pequenos golpes e não por acaso é o mentor de Candinho. Rosi Campos (Eponina) e Flavio Migliaccio (Josias) também valem o registro, com uma comicidade natural.

Elizabeth Savalla, contudo, está exageradamente um tom acima com sua Cunegundes. O lado bom é que como a novela ainda tem meses pela frente, a atriz tem a chance de corrigir esse tropeço inicial. O mesmo vale para Débora Nascimento, que ainda não está totalmente à vontade como a protagonista Filomena.

Sem pretensões de inovar o gênero, Eta Mundo Bom! mostrou-se, até agora, correta, apesar de previsível. Os personagens da novela ainda vão se lambuzar muito, ou com o glacê das tortas na cara ou com a lama do chiqueiro da fazenda cenográfica. Podem apostar.   


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