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Análise | Teledramaturgia

Aos 20 anos, Malhação tem de rebolar para se reinventar na TV

Reprodução/TV Globo

Isabella Santoni e Rafael Vitti em Malhação, casal coadjuvante que roubou a cena na novela adolescente - Reprodução/TV Globo

Isabella Santoni e Rafael Vitti em Malhação, casal coadjuvante que roubou a cena na novela adolescente

RAPHAEL SCIRE

Publicado em 13/2/2015 - 13h03
Atualizado em 14/2/2015 - 5h52

Manter-se no ar durante 20 anos consecutivos em um meio tão competitivo e sedento por números como a televisão é marca respeitável que Malhação, a novela adolescente da Globo, completa em 2015. A longevidade do produto, em partes, deve-se à renovação constante de elenco, direção e autores.

Ao longo de todo esse tempo, Malhação revelou novos rostos, discutiu temas pertinentes para a faixa etária à qual se destina e oscilou na apresentação de temporadas boas e ruins. A história que está no ar não chega a ser um estouro de audiência, como nos áureos tempos em que o programa batia 30 pontos no Ibope, mas pelo menos na internet consegue movimentar o interesse de seu público.

O casal Pedro (Rafael Vitti) e Karina (Isabella Santoni) _#Perina_ é sensação nas redes sociais e muito desse sucesso deve-se ao carisma dos intérpretes, talentos que certamente a emissora saberá aproveitar no futuro. Pedro e Karina chegaram até mesmo a sobressair o casal principal da temporada, Duca (Arthur Aguiar) e Bianca (Bruna Hamú).

Para reinventar o programa, os autores atuais tiveram de rebolar e aqui contou pontos a experiência com filmes adolescentes. A autora Rosane Svartman assinou o roteiro e a direção do sensível Desenrola (2011), com a supervisão de Paulo Halm. 

Ambientar a temporada atual em uma escola de artes, a Ribalta, é também uma forma de voltar às origens com uma cara nova, um misto de sala de aula com academia de ginástica, não por acaso, os dois cenários principais de outras temporadas de Malhação.  A mistura de dramaturgia com música deu certo e guarda certa semelhança com o seriado norte-americano Glee.

Entre todas as qualidades da novelinha, a que mais se destaca é a de revelar novos talentos. Por lá já passaram nomes que hoje figuram na lista do primeiro time da emissora, como Carolina Dieckmann, Cauã Reymond, Henri Castelli e Marjorie Estiano, só para citar alguns. Além disso, Malhação serve ainda de início para a fidelização do público para as demais novelas da emissora.

Em termos de dramaturgia, não chega a apresentar nenhuma revolução e nem mesmo provocar discussões nacionais, mas já levantou questões pertinentes ao universo jovem, como gravidez na adolescência, uso de drogas, sexo e formas de prevenção a DSTs, temas que carregam em si uma grande carga dramática, mas que são tratados com uma abordagem despretensiosa, quase rasa, dentro daquilo que os limites da classificação indicativa permite. 

De todos os produtos de teledramaturgia da Globo, Malhação é o que mais pode servir de teste para a transição que o modelo de assistir televisão vem sofrendo nos últimos tempos. Hoje, smartphones, tablets e computadores compõem uma plataforma que permite aos telespectadores assistirem o que quiserem e na hora que quiserem e os adolescentes são os mais familiarizados com essa linguagem dinâmica da internet. Ainda assim, esse parece ser um terreno que a Globo ainda tateia.

Exatamente por carregar no seu DNA esse caráter mais experimental e dialogar com um público mais aberto a renovações, Malhação poderia testar novos formatos e oxigenar o meio, com autores e diretores tão novos quanto o elenco que é visto em cena.


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