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Análise | Novela das seis

'Metralhadora' de clichês, Boogie Oogie termina sem deixar saudades

Reprodução/TV Globo

Isis Valverde e Marco Pigossi em cena de Boogie Oogie; novela das seis da Globo termina nesta sexta (6) - Reprodução/TV Globo

Isis Valverde e Marco Pigossi em cena de Boogie Oogie; novela das seis da Globo termina nesta sexta (6)

RAPHAEL SCIRE

Publicado em 6/3/2015 - 5h00

Bastante ágil no seu início, Boogie Oogie chegou ao fim nesta sexta-feira (6) marcada, principalmente, por uma história metralhada de clichês para tudo quanto é lado. Sem apresentar nada novo à teledramaturgia, a novela desperdiçou um período histórico bastante rico e propício para a ambientação de um folhetim, os anos 1970, e só não se tornou um naufrágio graças a seu elenco e direção.

Logo de cara, já lançou mão de um recurso batidíssimo para começar: a revelação de que as duas protagonistas, Sandra (Isis Valverde) e Vitória (Bianca Bin), haviam sido trocadas na maternidade. Uma relação de ódio entre as duas é despertada e agravada pela disputa do mesmo homem, o mocinho Rafael (Marco Pigossi). No meio deles, duas famílias completamente distintas e duas “mães” opostas: a submissa Beatriz (Heloisa Périssé) e o furação Carlota (Giulia Gam), a vilã e ponto central da história.

O trio principal de atores mostrou amadurecimento e segurou a onda de interpretar personagens sem grandes nuances _à exceção de Vitória, das três a mais rica psicologicamente por alternar momentos de bondade, raiva e manipulação. Outro ponto positivo foi ter tirado Heloisa Périssé de uma zona de conforto e dado a ela um papel dramático bastante forte. A atriz esteve segura ao longo de toda a trama.

Quanto ao elenco, vale mencionar o trabalho de Alessandra Negrini (Suzana), Marco Ricca (Fernando), Giulia Gam _a força da novela_ e Deborah Secco (Inês), que mesmo num papel coadjuvante sobressaiu-se, mas teve que deixar a trama no meio para se dedicar à nova novela das onze, Verdades Secretas, de Walcyr Carrasco.

Visualmente incríveis, os anos 1970 ganharam destaque na novela com uma direção de arte bastante fidedigna, e uma direção detalhada que teve o cuidado de levar ao ar cenas de passagem da própria época. A trilha sonora também foi bem selecionada, com sucessos da disco music e outras canções, que contemplavam de Rita Lee a Elton John.

Por outro lado, historicamente Boogie Oogie ficou devendo ao fazer menção apenas superficial à ditadura militar brasileira, que na época iniciava a distensão com a anistia aos exilados (a novela é ambientada em 1978/79), ainda que tivesse em seu quadro um personagem militar, Elísio (Daniel Dantas). O rigor do período, porém, ficou restrito às ordens que ele dava dentro de sua própria casa.

Em seu quarto final, o enredo de Boogie Oogie tornou-se samba de uma nota só: toda a movimentação da novela girou em torno de descobrir o famigerado "segredo da Carlota", expressão usada à exaustão por praticamente quase todos os personagens.

Todo o fôlego impulsionado no início da trama, ainda que tenha sido à base de clichês, parece ter sido consumido e a solução encontrada foi concentrar a história em torno da personagem de Giulia Gam.

Além disso, Boogie Oogie sustentou-se no ar durante pouco mais de seis meses em uma corda bamba de tramas e viradas frágeis: personagens descobriam segredos da maneira mais simplista possível, como recentemente, quando Claudia (Giovanna Rispoli) escutou Diana (Maria João) chamar Paulo (Caco Ciocler) de estéril no corredor do prédio e desencadeou a revelação de que ele não é o verdadeiro pai de Vitória. 

Situações como essa mancham a novela, que pode não ter sido um desastre em termos de audiência, mas sem dúvida alguma não vai ser lembrada com saudosismo. Boogie Oogie, no acumulado geral, foi mais do mesmo.


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