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MÊS DO ORGULHO LGBTi+

'Você não pode esperar que Silvio Santos promova discussões profundas', diz Laerte

REPRODUÇÃO/MTV

Laerte em depoimento ao documentário da MTV; cartunista fala da importância de sair do armário - REPRODUÇÃO/MTV

Laerte em depoimento ao documentário da MTV; cartunista fala da importância de sair do armário

Laerte Coutinho "saiu do armário" no minidocumentário Coming Out in 60' - #PRONTOSAÍ, veiculado nos intervalos da programação da MTV. Ele decidiu dar seu depoimento por achar que, mesmo com maior esclarecimento por parte da sociedade a respeito das questões de gênero, a televisão errou por muitos anos ao abordar o tema e tratou os homossexuais e transgêneros de forma jocosa, como verdadeiras aberrações.

"O Silvio Santos foi pioneiro em colocar drag queens na TV. Eram atrações, como bizarrices, meio que num ambiente de circo. Você não pode esperar que Silvio Santos promova discussões profundas e objetivas sobre temas. Ele e o Ratinho [apresentador do SBT] são pessoas que não estão ali para esclarecer nada, estão ali para ganhar dinheiro e promover programas em busca de audiência. E fazem qualquer coisa para isso", diz a cartunista ao Notícias da TV.

A campanha da MTV será veiculada até o fim de junho como parte das ações do canal para o Mês do Orgulho LGBTI+. Laerte deu seu depoimento, entre outras razões, para reforçar a necessidade de medidas que protejam potenciais vítimas de crimes motivados por ódio ao gênero.

"Não acho que a sociedade esteja suficientemente esclarecida. Este país mata transexuais e travestis como moscas, é uma coisa horrorosa. E não é só a população T [travestis e transexuais]. Mulheres são mortas, estupradas. A violência de gênero é incrivelmente grande. Então é preciso de ações positivas nessa área", avalia.

Laerte assumiu a identidade feminina em 2009, aos 57 anos de idade. Por manter seu nome de batismo, normalmente as pessoas ainda referem-se a ela como um homem, dizendo "o Laerte Coutinho". Atualmente, a cartunista não se priva de corrigir e pede sempre para ser apresentada e citada no feminino.

"Para algumas pessoas, eu sou um pouco mais precisa, peço que me tratem no feminino. Para outras, não. Nessa esfera de relações afetivas, como netos, irmãos, irmãs, amigos muito próximos e antigos, eu não ligo mesmo. Agora, numa coisa mais formal, eu faço questão de que me chamem no feminino", comenta.

No documentário da MTV, Laerte fala sobre a dualidade de ter passado a maior parte de sua vida como um homem e hoje ser uma mulher, e dos contrastes que isso traz ao seu dia a dia.

"Trans não é mais uma caricatura. A pessoa trans é alguém real, com sentimentos reais, com direitos... Eu sou pai e sou mulher. Os meus netos falam: o meu avô é uma menina", diz.

Além de Laerte Coutinho, participam da versão internacional do Coming Out in 60 personalidades como RuPaul, Leona Lewis e Marnie Simpson, entre outros. Os depoimentos são exibidos diariamente, no intervalo dos programas da MTV.


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