Afastado por racismo
Reprodução/Globo
William Waack no Jornal da Globo de 8 de novembro de 2016, quando fez seus comentários
FERNANDA LOPES
Publicado em 10/11/2017 - 11h57
Uma observação técnica do vídeo que provocou o afastamento de William Waack da Globo indica que o jornalista de fato falou a palavra "preto" de forma pejorativa. Apesar da baixa qualidade do vídeo, o perito Maurício de Cunto, em análise feita para o Notícias da TV, diz que Waack usou o termo em sua fala para o comentarista Paulo Sotero.
"A má qualidade do áudio nos obriga a emitir pareceres sobre o que realmente é dito com ressalvas. Minhas observações quanto ao que é falado por William Waack a Paulo Sotero, neste momento, apontam para: 'Preto, (né)... Preto, né?', onde os parênteses indicam dificuldade maior de se identificar os fonemas", declara.
"É o que se percebe. Mas eu não posso afirmar categoricamente que é essa palavra. É o que parece, então por isso que eu coloco que o que ele fala aparentemente é isso", conclui.
Maurício de Cunto é engenheiro eletrônico, mestre em fonoengenharia, escreveu um livro sobre gravações de voz e atua como perito em todo o país. Ele participou, em meados deste ano, da perícia oficial do áudio da conversa gravada entre o presidente Michel Temer e o empresário Joesley Batista, ao lado do também perito Ricardo Molina.
"A perícia é uma atividade baseada em ciências exatas, mas quando você tem muito ruído, tem uma informação que pode só aparentar uma coisa. Temos que deixar isso claro desde o início", ressalta.
Quando o vídeo foi divulgado nas redes sociais, na quarta-feira (8), o público em geral entendeu que Waack pronunciava as palavras "É preto... É coisa de preto, né?" antes de entrar ao vivo no Jornal da Globo, no dia das eleições presidenciais norte-americanas de 2016.
Diante da repercussão do caso, a Globo suspendeu o jornalista de suas funções no telejornal, sob a justificativa de que os comentários de Waak eram "ao que tudo indica, de cunho racista". O afastamento do âncora do Jornal da Globo é considerado irreversível na emissora.
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