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Memória da TV

Nos anos 1960, programa de namoro da Globo só decolou após escândalo

Reprodução/Memória Globo

Raul Longras, que apresentou o primeiro programa de namoro da TV, o Casamento da TV, na Globo - Reprodução/Memória Globo

Raul Longras, que apresentou o primeiro programa de namoro da TV, o Casamento da TV, na Globo

THELL DE CASTRO

Publicado em 22/2/2015 - 13h12

Não é de hoje que as emissoras de televisão utilizam artimanhas para conquistar repercussão e audiência para seus programas. O Casamento na TV, exibido pela Globo entre 1967 e 1969, só engrenou depois que permitiu que uma mulher grávida invadisse o set da atração, exibida ao vivo, para surpreender um candidato a noivo de outra garota, acusando-o de ser o pai de seu futuro filho.

A atração estreou em 6 de agosto de 1967 e era exibida nas noites de domingo, às 19h. A apresentação era de Raul Longras, que antes havia sido comissário de polícia e também locutor esportivo. Ele, aliás, é considerado o pai do longo grito de gol utilizado até hoje nas transmissões esportivas.

Antes da estreia do Casamento na TV, Longras apresentava o programete diário, o 004 Longras, também na Globo, com cinco minutos de duração. Ele lia cartas de homens e mulheres que queriam se casar e procuravam parceiros. Com o sucesso da atração, foi criado o programa de maior duração nos finais de semanais.

Ao contrário do 004 Longras, o Casamento na TV não obteve o sucesso esperado. Mas tudo mudou quando, com autorização da produção, a tal moça grávida interrompeu o programa, surpreendendo o sujeito que seria o homem que a engravidou. O caso foi manchete nos jornais da época e escandalizou o Rio de Janeiro.

A partir daí, a audiência cresceu bastante e a duração da atração foi ampliada para uma hora, com incremento da participação de convidados e atrações musicais.

De índia a freira

O formato do programa era simples: os candidatos ficavam perfilados no palco, e o apresentador ia perguntando para alguns deles como eram seus pretendentes ideais. Quando um casal desejava se unir, as despesas eram pagas pela Globo, que fazia a cerimônia religiosa perto da sede da emissora, no Jardim Botânico, e oferecia uma recepção, com direito a bolo e champanhe, no terraço, onde também, na época, eram gravadas cenas externas de novelas.

"Tinha de tudo: até uma índia se uniu com um dentista e uma freira com um procurador de Justiça. Os anônimos eram formados, na maioria, por inibidos e mães solteiras. O pré-requisito era não ter medo de passar por eventuais constrangimentos e não ter vergonha de dividir com o público seus problemas afetivos. Para que as regras fossem seguidas, havia nos bastidores uma dupla de detetives, Mota e Marrom, que conferiam se os candidatos já namoravam alguém", explicou em reportagem o jornalista Paulo Senna no jornal O Globo de 25 de novembro de 2001.

Não existem números oficiais sobre casais unidos pelo programa, mas o projeto Memória Globo cita que eram realizados de 10 a 15 casamentos por mês. Longras se vangloriava de ter realizado 1.999 casamentos.

Depois do escândalo, com o passar dos meses, o Casamento na TV foi perdendo audiência, até que deixou a grade da emissora, em 6 de julho de 1969. Longras migrou sua atração para a TV Excelsior e, em seguida, para a TV Rio, mas sem a mesma repercussão.

Raul Longras morreu no dia 5 de abril de 1990, em Juiz de Fora (MG), aos 76 anos _á estava afastado do vídeo havia mais de dez anos.

Outros programas seguiram a fórmula de unir casais, como o Namoro na TV e o Em Nome do Amor, com Silvio Santos, no SBT, até o mais recente Me Leva Contigo, que Rafael Cortez comandou, sem sucesso, na Record, e o The Bachelor, da RedeTV!.


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