ALARICO NAVES
Edu Moraes/Record
Alarico Naves é o superintendente comercial multiplataforma da Record; futebol fez audiência explodir
Na última quinta-feira (27), a Record fez história com a transmissão da final do Campeonato Paulista: ela teve a maior audiência da TV brasileira neste ano, com pico de 31,6 pontos na Grande São Paulo. A pulverização dos direitos de transmissão do futebol deve tornar cada vez mais comuns os momentos em que a Globo perde sua tradicional liderança para a emissora rival.
Para Alarico Naves, superintendente comercial multiplataforma da Record, o cenário esportivo nunca mais será o mesmo. "Algo que precisa ficar claro é que ninguém terá mais jogos exclusivos na TV aberta", sentencia o executivo em conversa exclusiva com o Notícias da TV.
O Brasileirão 2025, por exemplo, está dividido entre Record, Globo, Prime Video, YouTube, Sportv e Premiere --a ponto de o público precisar de ajuda para saber onde acompanhar o seu time do coração. O superintendente comercial encara a concorrência como bem-vinda. "Não vemos nenhum problema no compartilhamento de transmissões", minimiza Naves.
O investimento no futebol, além de muita audiência, também atrai marcas interessadas em anunciar na emissora de Edir Macedo. O torneio nacional começou com todas as cotas de patrocínio vendidas --e a Record já se prepara para oferecer 2026 ao mercado publicitário. "Comercialmente, tudo já está definido para este ano", celebra o executivo.
E como o futebol sozinho não é capaz de sustentar toda a programação, Naves celebra também a boa audiência de programas como Acerte ou Caia!, Balanço Geral e Cidade Alerta. Ele também adianta a estreia de Felipe Andreoli e Rafa Brites no Power Couple, marcada para 28 de abril, e confirma que o casal estará à frente de outros dois formatos, Game dos 100 e Love & Dance.
Confira a entrevista exclusiva com Alarico Naves, superintendente comercial multiplataforma da Record:
NOTÍCIAS DA TV - A Record provou que o futebol tem uma força única com o público brasileiro, principalmente nas últimas semanas. Esse patamar de audiência já era esperado internamente ou superou até as expectativas da emissora?
ALARICO NAVES - Além de o futebol ser considerado uma paixão nacional no Brasil, há muitos anos ele também é um dos principais produtos da TV aberta. Não à toa, temos investido cada vez mais neste tipo de conteúdo e nos preparado para proporcionar uma transmissão de alta qualidade aos nossos espectadores.
Dada a sua importância e o investimento, a Record já esperava por grandes audiências neste campeonato, mas a grande surpresa foi a chegada do Neymar ao Santos. Ele trouxe uma atratividade maior para o campeonato, colocando os jogos do Alvinegro Praiano entre as principais audiências do Paulistão.
No aspecto comercial, o Paulistão estreou com quatro cotas de patrocínio vendidas e, só na oitava rodada, as duas restantes foram fechadas. Sente que ainda há uma certa resistência das marcas em investir no esporte fora da Globo, entender que o mercado mudou? Os números das últimas partidas ajudam a mudar esse cenário? Já há uma procura para anunciar em 2026?
Pelo contrário, não sentimos nenhuma resistência do mercado em relação ao produto. O grande desafio é que o Campeonato Paulista estreia em janeiro, momento no qual grandes marcas ainda estão se organizando, definindo budget [orçamento] e determinando suas estratégias ao longo do ano.
Em paralelo, a Record começou o ano com uma alta demanda em relação à ocupação na grade, o que acaba exigindo mais tratativas para se chegar a um acordo.
Com o fim do Paulistão na quinta, o público passa a olhar para o Brasileirão. As dez cotas principais do torneio já tinham sido negociadas antes mesmo de 2024 chegar ao fim. Há uma fila de espera, cogitam abrir novos espaços, outras oportunidades para abarcar mais marcas? Qual é a expectativa da Record para o torneio?
Com certeza! O Campeonato Brasileiro é um dos principais eventos esportivos do Brasil e, a partir de abril, as atenções se voltam para ele. Após a estreia e assim que começarmos a mensurar os resultados, o nosso foco passa para 2026, uma vez que comercialmente, tudo já está definido para este ano.
Nossa expectativa está alinhada com o mercado e com todos os patrocinadores que apostaram neste projeto junto com a Record. Hoje, o mercado como um todo reconhece a qualidade do conteúdo esportivo na emissora e nos demais canais multiplataforma da empresa.
Na questão dos direitos de transmissão, a Record surpreendeu muita gente ao adquirir o Brasileirão, mas também foi pega de surpresa quando a Globo acertou com a LFU no fim de janeiro. Como fica essa briga para definir quem vai ter as melhores partidas da rodada, e como a Record vai se destacar em um cenário que também tem YouTube, Prime Video, Sportv e Premiere?
A Record se planejou e investiu muito para trazer o Campeonato Brasileiro para a casa e, desde o início das negociações com a LFU, nós sabíamos da possibilidade de a Globo adquirir alguns jogos.
Algo que precisa ficar claro é que ninguém terá mais jogos exclusivos na TV aberta, ou seja, a Globo na TV aberta vai transmitir 38 jogos, assim como a Record também tem o direito de transmissão de outros 38 jogos exclusivos, exibidos em horários distintos.
Quanto aos demais canais, não vemos nenhum problema no compartilhamento de transmissões. Inclusive, no atual cenário esportivo com o Campeonato Paulista, seguimos com números acima de 20 pontos de audiência.
O futebol é uma grande arma, mas nem só de esporte se faz uma emissora. E a Record está em um momento muito inspirado, digamos assim, com recordes em cima de recordes no Balanço Geral e no Cidade Alerta, o Tom Cavalcante se provando um grande acerto aos domingos... Como manter esse bom momento, sem deixar a peteca cair, mas também não desgastando os formatos? O Acerte ou Caia, afinal, emendou três temporadas sem folga.
Sabemos da importância que o futebol tem na grade da Record. Tanto que o projeto acaba se desdobrando em demais conteúdos e, criando produtos esportivos ao longo da jornada multiplataforma. No mais, a Record segue inovando no conteúdo dentro dos tradicionais programas da grade, como Hoje em Dia, Balanço Geral, Cidade Alerta, Domingo Espetacular e outros.
Além de seguir investindo em novos produtos e apresentadores, a exemplo da contratação do casal Felipe Andreoli e Rafa Brites, que chegam no mês de abril e dão uma nova cara ao Power Couple. Eles também apresentarão outras duas novas atrações, Game dos 100 e Love & Dance.
Outra boa surpresa da Record veio da Turquia, né? A gente já sabia que as novelas turcas fazem muito sucesso, mas acho que ninguém esperava que Força de Mulher se tornaria o fenômeno que virou. É um filão que será mais explorado pela emissora? E como faturar em cima desse sucesso com um produto enlatado, que já vem pronto, e com as novelas bíblicas, que não podem encaixar uma ação de merchandising, por exemplo?
Assim como as superproduções bíblicas, o sucesso das novelas turcas já era esperado, uma vez que o artístico da Record estudou com muita profundidade a adequação do conteúdo no Brasil. Em relação ao faturamento destes produtos, a boa audiência, aliada à alta demanda de inventário, já traz resultados comerciais satisfatórios.
Na sua função, você é responsável pelo comercial multiplataforma da Record. Uma coisa que eu percebo acompanhando o PlayPlus é que, muitas vezes, os anúncios que passam na TV aberta não entram também no ao vivo da plataforma, aí colocam um "calhau" da Ticiane Pinheiro ou um tapa-buraco. Há uma resistência do mercado ao streaming? O departamento comercial não negocia o combo Record + PlayPlus com as agências? Ou a ideia é realmente buscar anunciantes diferentes para públicos diferentes?
O PlayPlus vem performando muito bem e não vemos nenhum tipo de resistência do mercado; pelo contrário, o canal vem crescendo tanto em audiência quanto em anunciantes. Durante A Fazenda, por exemplo, temos crescimentos expressivos de audiência no vivo e no consumo VOD [video on demand], e o mesmo vem acontecendo com o futebol nos últimos meses.
Em relação ao break, o DAI (Dynamic Ad Insertion) faz justamente isso, ele exclui os anúncios da TV linear para abrir espaço a inserções digitais de forma programática. A ideia é que o streaming seja uma janela de exibição diferente do break da TV.
Para finalizar, agora que a Record provou que os fãs de futebol vão atrás de seus clubes em outras emissoras também, como aproveitar esse público que está mudando de canal e se certificar de que ele fique com vocês?
Já começamos a visualizar este efeito agora mesmo. Aos domingos, nas tardes, o Acerte ou Caia! já entrega com uma audiência maior para o futebol, que, por sua vez, pavimenta o caminho para o Domingo Espetacular, que já demonstrou audiências crescentes.
Isso nos mostra que quem veio pelo futebol foi encorajado e se sentiu confortável para continuar em outros conteúdos da emissora. Bons conteúdos se retroalimentam em termos de audiência.
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