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Lado a Lado

'Não acordo pensando em inovar telenovela', diz vencedor do Emmy

Fotos Divulgação/TV Globo

O diretor Vinicius Coimbra festeja com Claudia Lage e João Ximenes Braga o Emmy Internacional de Lado a Lado - Fotos Divulgação/TV Globo

O diretor Vinicius Coimbra festeja com Claudia Lage e João Ximenes Braga o Emmy Internacional de Lado a Lado

DANIEL CASTRO

Publicado em 28/11/2013 - 13h31

O autor João Ximenes Braga nunca descartou a possibilidade de Lado a Lado surpreender, superar a "favorita" Avenida Brasil e ganhar o Emmy Internacional de Televonela, como de fato aconteceu na última segunda-feira. "Tínhamos um quarto de chances de ganhar", diz, lembrando que eram quatro as concorrentes.

Já Claudia Lage, que assim como Braga estreou como autora com a elogiada novela das seis, ficou surpresa com o Emmy. "Eu achava sim que [Avenida Brasil] era uma novela com grandes chances de levar o prêmio", afirma em entrevista exclusiva ao Notícias da TV, via e-mail.

Pouco modesto, Braga, que se prepara para dividir a autoria de uma novela das oito com Gilberto Braga e Ricardo Linhares, concorda com a crítica de que Lado a Lado foi uma novela inovadora, "na forma como uniu o melodrama à História".

"Minissérie histórica já foi feito, filme histórico é comum, mas segurar uma novela que não foi apenas passada numa época, mas recheada de eventos históricos por 154 capítulos… [não]", diz.

O autor, no entanto, diz que não escreve novela pensando em inovar o gênero, mas, sim, em "qualidade": "Eu não acordo pensando 'O que eu vou fazer hoje para inovar a telenovela'. Acordo pensando em histórias e personagens".

A seguir, entrevista com Braga e Claudia Lage:

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Notícias da TV - Como vocês receberam o Emmy Internacional? Foi uma surpresa? Vocês também achavam que Avenida Brasil era favorita?

João Ximenes Braga - Eu teria ficado felicíssimo se Avenida Brasil ganhasse. Trabalhamos para a mesma empresa, não vejo João Emanuel [Carneiro] como competição, e sim como colega. Avenida Brasil foi um fenômeno, mas é difícil falar em favoritismo num prêmio internacional, não há como antecipar o pensamento do júri. O tempo todo achei que, dentre as quatro candidatas, tínhamos um quarto de chance de ganhar. Recebi o prêmio com felicidade.

Claudia Lage - A gente foi para o Emmy como uma equipe brasileira. Duas novelas brasileiras no páreo é uma ótima notícia pra todos nós. Teria aplaudido de pé se Avenida Brasil tivesse sido premiada. É uma novela repleta de qualidades. Eu achava sim que era uma novela com grandes chances de levar o prêmio. Tem todo o merecimento. 

Notícias da TV - Por que Lado a Lado mereceu um Emmy Internacional?

Braga - Cara, o prêmio não vem com bula. O júri decidiu que merecia, mas ninguém me disse porquê. Isso dito, não tenho motivos pra questionar essa decisão, muito pelo contrário. A forma como tratamos os eventos históricos influenciando a trajetória dos protagonistas é comum no cinema mas muito rara, se não inédita, numa narrativa em 154 capítulos.

O trabalho de todos os envolvidos, elenco, direção, maquiagem, figurino, fotografia etc. foi absolutamente irrepreensível. Elogio em boca própria é vitupério, mas nunca tive qualquer insegurança sobre a qualidade do texto e da estrutura narrativa porque o Gilberto Braga, nosso supervisor, que tinha autoridade pra nos fazer mudar qualquer diálogo se quisesse, devolvia cada capítulo apenas com elogios. Ademais, Lado a Lado é a história da nossa cultura, é nossa, não pode ser adaptada pra qualquer outro país. É a máxima de Tolstói: "Seja universal, fale de sua aldeia". 

Lage - Queríamos contar uma boa história, relevante, mas que também fosse capaz de entreter, divertir o público. Acredito que os jurados tenham considerado todos esses pontos. Mas é uma incógnita porque o júri escolhe determinado trabalho e não outro.

Notícias da TV - Vocês chegaram a assistir as outras novelas que concorreram ao Emmy, Windeck e 30 Vies?

Braga - Só a clipes. Ambas tinham muita chance. Windeck mostra uma Luanda cosmopolita, muito distante do estereótipo que o povo do chamado Primeiro Mundo tem da África. Isso podia muito bem impressionar um júri internacional. 30 Vies tinha atores magníficos e uma trama ousada em torno de um jovem com paralisia cerebral e caráter dúbio. Ambas tinham um quarto de chance de ganhar.  

Lage – [Vimos] Apenas os traillers de apresentação. As duas têm muita qualidade. Ambas com temáticas fortes e muito interessantes. Deu vontade de assistir. 

Notícias da TV - Vocês diriam que fazem parte de uma nova geração de autores que irão inovar a telenovela?

Braga - Isso parece um roteiro daquele desenho animado do Pink e o Cérebro, "O que eu vou fazer hoje para dominar o mundo?". Eu não acordo pensando "O que eu vou fazer hoje para inovar a telenovela". Acordo pensando em histórias e personagens. O desafio de contar uma história diferente, original, que interesse às pessoas, é o mais importante. Já disse antes que acho que Lado a Lado foi, sim, inovadora, na forma como uniu o melodrama à História. Minissérie histórica já foi feito, filme histórico é comum, mas segurar uma novela que não foi apenas passada numa época, mas recheada de eventos históricos por 154 capítulos… [não].  Acho que foi, sim, inovador. Também acho que foi inovadora na escolha dos temas, do período. Mas não acredito que o criador deva ter a inovação como objetivo, e sim a qualidade.    

Lage - Não sei se inovação é a nossa busca, pensamos mais em histórias interessantes. Mas é fato também que, pela temática, pelo modo que abordamos a questão racial e feminina, acabamos por trazer elementos diferentes para a novela. Trouxemos elementos diferenciados, como ter dois casais protagonistas, ter uma relação de amizade como eixo da novela, grande parte do elenco com atores negros, por exemplo.

Notícias da TV - Muitos críticos adoraram Lado a Lado e viram a produção como inovadora. Concordam? Por que Lado a Lado foi inovadora?

Braga - Eu continuo me preocupando mais com qualidade que com inovação. Mas acho que Lado a Lado trouxe muitas novidades à TV na escolha de temas. Não foi simplesmente uma novela de época, mas uma novela histórica, na medida em que eventos históricos reais interferiam na trajetória dos personagens. Isso não foi invenção nossa, o cinema americano usa muito, o exemplo mais óbvio é E o Vento Levou..., em que a trajetória da protagonista muda diante da Guerra da Secessão. Mas em novela isso é muito pouco usado. Outra novidade foi a homenagem à cultura brasileira de matriz africana. Uma grande parte do público se sentiu acarinhada com isso.  

Lage - Como disse acima, pensamos mais em contar uma história interessante, com conteúdo, com a capacidade de entreter também às pessoas, do que inovar. Mas, de certa forma, pelo que li, acho que os críticos consideraram os elementos históricos mesclados à vida dos personagens como inovação. Outro dado que li na crítica foi que utilizamos uma linguagem moderna dentro de uma novela de época.

Notícias a TV - Qual o próximo projeto de vocês? Vão continuar trabalhando juntos?

Braga - Nem tivemos tempo de pensar em outro projeto juntos, Lado a Lado mal havia estreado e fui convocado por Gilberto Braga pra voltar a trabalhar com ele e Ricardo Linhares. E o que me deixou mais emocionado, dessa vez assinando não como colaborador, mas como coautor. Vamos entregar a sinopse no início do próximo ano. 

Lage - Por enquanto, vamos embarcar em projetos diferentes. Estou escrevendo uma sinopse para entrar a Globo em breve, de novela também.


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