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ROSA DOS VENTOS

Gloria Perez é impedida de levar novela vetada pela Globo para o streaming

REPRODUÇÃO/MAX

Gloria Perez sentada e com expressão séria no documentário Pacto Brutal

Gloria Perez no documentário Pacto Brutal (2022); autora não pode oferecer sinopse ao streaming

REDAÇÃO

redacao@noticiasdatv.com

Publicado em 11/4/2025 - 7h33

Após encerrar o contrato com a Globo, Gloria Perez explicou que não pode oferecer a sinopse vetada pela emissora para as plataformas de streaming. A autora também confirmou que o aborto forçado retratado em Rosa dos Ventos (título provisório) foi o principal motivo de a rede rejeitar a trama.

A autora foi questionada pelo Estadão se tinha a intenção de levar a história para outra plataforma. "Não posso. A Globo não me devolveu a sinopse e está no seu direito. Isso já me ocorreu em Barriga de Aluguel (1990): fui para a Manchete certa de que a faria lá, mas, como não liberaram, imaginei outra história. E escrevi Carmem (1987)", contou.

Gloria também esclareceu a decisão de encerrar o vínculo com a Globo após ter sua novela adiada. "Era um contrato por obra para fazer a novela que viria depois de Vale Tudo. Decidido o cancelamento, foi proposto assinar uma extensão dele para produzir uma história nova. Preferi não assinar. Tudo foi acordado e feito amigavelmente", assegurou.

Depois de ter a sinopse vazada nas redes sociais, a própria dramaturga decidiu detalhar qual seria a história de Rosa dos Ventos e também entregou quais atores já estavam escalados.

"A novela conta a história de uma mulher que teve um começo promissor como modelo (Grazi Massafera). Nessa fase, tem um fã ardoroso (Murilo Benício), que a reencontra (nunca tinham se falado antes) como balconista de loja. Ele fica encantado diante daquela que foi sua musa um dia. E ela encantada por se ver de novo olhada como a musa que foi", narrou.

"Ele agora é um rico empresário, dono de grandes olivais no Sul. Está casado com Mabel (Giovanna Antonelli), que quer ser candidata a um cargo político (pode ser vereadora, deputada, senadora, qualquer um) pelo Estado onde o marido tem suas empresas. Como não conhece a cultura diversa e rica do Rio Grande do Sul, contrata uma assessora (Sheron Menezzes) para transformá-la em local", continuou.

"É apenas um artifício para poder manter, por meio desse aprendizado, a cultura riograndense presente durante a novela inteira. A opção pelo cargo político é porque precisava colocar Mabel numa situação em que não pudesse ser envolvida em escândalo", justificou.

Gloria afirmou que não tinha intenção de adentrar no mundo da política. "Nenhuma chance de falar de política, de mostrar comícios, reuniões de partido, de apostar em polarizações. Não existe sequer uma única personagem que seja um político(a) na novela: eu não divido plateia --eu uno. Foco em unir. Só me interessa o lado humano nos temas que abordo. É o que tenho feito em todos os meus trabalhos, na abordagem de temas polêmicos."

A novelista ainda explicou a escolha do Rio Grande do Sul como cenário. "As empresas do marido estão lá, é o lugar fora do eixo Rio-São Paulo a que ela teria mais acesso. Até porque Mabel não é uma política. Quer vir a ser, mas não é. Só pode contar com a posição do marido naquela sociedade para se tornar conhecida. E por que o Rio Grande do Sul como cenário? Pela riquíssima diversidade cultural e porque é uma paisagem belíssima e muito pouco explorada pela dramaturgia. A região escolhida seria a dos cânions."

Aborto forçado

A veterana também detalhou como falaria sobre o aborto na trama. "Abordaria por meio de uma situação muito comum e, que eu lembre, ainda não abordada pela nossa dramaturgia. Cibele (Grazi) fica grávida, e Murilo exige que ela faça o aborto. Quer continuar o caso, mas não admite o filho, que traria transtorno para sua vida pessoal e enterraria de vez os planos de Mabel, ao envolvê-la num escândalo", contou.

"Entram em conflito e, quando ele percebe que Cibele está mesmo disposta a levar a gravidez adiante, simula um encontro de reconciliação, no qual ela é dopada e o aborto é feito. A intenção foi jogar um foco sobre essa forma de violência contra as mulheres. São casos muito comuns, que costumam terminar em assassinato. A toda hora estamos vendo na mídia", alegou.

A gestação interrompida foi o principal fator de a Globo rejeitar a sinopse. "E isso já tinha sido dito oficialmente pela própria empresa, em notas divulgadas naquele primeiro momento, quando se falava em adiamento", confirmou. A emissora chegou a pedir para a escritora descartar o tema sensível.

Era impossível atender: o aborto é o ponto de partida da história, tudo o mais ocorre a partir dele, todas as tramas paralelas se relacionam a ele. Tirar o aborto era tirar o macaco do King Kong.

"É porque Cibele, revoltada, parte para a vingança mirando o herdeiro do empresário (Romulo Estrela), que contrata a guarda-costas (Isis Valverde) e se forma o par romântico principal da novela. Como nas histórias de gato e rato, de implicância em implicância, os dois se apaixonam", revelou.

Apesar do rompimento com a rede, Gloria ressaltou que as portas continuam aberta para um projeto no futuro. "Tenho e sempre terei os melhores sentimentos e a maior gratidão pela Globo. Foi ali que fiz minha carreira, foi ali que consolidei uma assinatura na dramaturgia brasileira", arrematou.


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